Que susto! Ainda bem que meu amigo me salvou. E que amigo.
Parei na Conselheiro Lafaiete, resolvida, a conversar com o porteiro de um dos
prédios. Esses homens adoram uma mulher nua. Aliás, eu não estava nua, mas
passou uma menina de biquíni, a caminho da praia. O homem arregalou os olhos.
Na falta da menina, que não sabia e continuou não sabendo da existência dele, o
porteiro voltou-se pra mim, olhos ainda arregalados, todo aquele sabor de
loucura que a possibilidade do sexo traz. Já fazia um tempinho não desgrudava, ameaça latente, perguntou enfim se eu costumava ir a alguma festa. Gosto de forró, disse eu.
Imaginem, uma dança quente, o homem agarra a mulher e a leva de um lado a outro,
o par sempre grudado, o macho a apertar, a apertar até não poder mais. Tenho
uma amiga que goza com isso. O tal porteiro, sangue
quente, eu podia perceber, insistia às minhas coxas, apontava. Não sei se se dava conta de
que eu me sentia nua. Como vou me cobrir, nuinha no Posto 6? Ensaiei algum
movimento, mexi as mãos, ajeitei a parte superior do macaquinho, a bolsa a
tiracolo, já acabara o serviço. Se fosse um artista de TV, acho que ia com ele
pro apartamento escurinho, o ar desconhecido, cheiro de novidade mesmo em construção
antiga.
Uma vez fui a um prédio onde se precisava puxar a grade
dourada do elevador, só assim ele subia, não sei por que senti o arrepio, o
mergulho no desconhecido. Levava uma roupa a uma senhora. Um homem bonito abriu
a porta, disse que eu entrasse. Ai, imaginem.
Falei que tinha de ir, o porteiro piscou os olhos, sentiu
que nada poderia fazer em relação ao seu desejo. Às vezes ficamos frustradas,
porque nosso desejo não é realizado. No caso da entrega, o homem tão bonito e
deixei escapar. No caso do funcionário do edifício, ao contrário, a mulher bonita, pernas de
fora, o macaquinho a cobrir-lhe pequena parte do corpo, e ele sem poder fazer
nada. Não se agarra uma mulher em Copacabana.
Do outro lado da rua passou o meu amigo. Foi o tempo de eu
gritar oi e correr até ele. Este não vai me fazer mal, a praia dele é Ipanema, lá
pela Farme de Amoedo. E tão bonito o meu amigo. Melhor com ele do que os
olhos invasivos do porteiro.
Depois de me deixar na General Osório, todos os homens
estavam a me olhar, e eu a beliscar o mel.
Cuidado Ivânia, não vai ficar grudada!
Cuidado Ivânia, não vai ficar grudada!
Nenhum comentário:
Postar um comentário