Ele me queria de pernas juntas. Muito engraçado, eu nua, sentada na poltrona, e de pernas juntas. Por que não posso cruzá-las, a direita sobre a esquerda? Sentia um friozinho no estômago, o calor de uma perna sobre a outra me ajudaria, ficaria mais tranquila. Que bobagem, você dirá, apenas vocês dois, na sala do apartamento, ele te servindo um copo de cerveja, foi você quem escolheu, havia vinho, uísque, caipirinha ou caipivodca, você com a bebida dourada numa das mãos, fazendo de conta que não sentia nenhuma vergonha. Eu sei, Roberta, mas prefiro um quarto escuro, nua debaixo das cobertas, ele vindo por cima. Nua na sala, em meio aos quadros, mesa, cadeiras e o sofá, não é pra qualquer uma. Você é diferente, lembro a história que você certa vez me contou, saiu pra passear nua, de madrugada, sentadinha no banco do carona, o namorado ao lado, dirigindo, falando com você como se conversasse com a pessoa mais vestida do mundo, muita naturalidade. E você, tranquila, nem uma tremura. O namorado devia mesmo gostar de você, pelo menos não precisava dar roupas de presente. Você pedia perfumes, viu como não esqueci? E dos mais caros. Engraçado, apenas o perfume sobre o corpo. Acho que sem as roupas o bom odor se perde, mas você diz que não. Eu não teria coragem de sair pelada. A gente às vezes compra uma roupa mais ousada, para ir a uma boate, ou para uma ocasião especial, mas nua por inteiro, do lado de fora da casa, acho que vou ficar tão nervosa que me mijo toda. Por outro lado, gosto tanto das minhas roupas, não sairia sem elas. E se acontece alguma coisa, um enguiço do carro, um pneu furado, uma barreira policial? Imagine, uma barreira policial, e eu nua no banco do carona. Os caras iam querer me comer. Nem pensar. Você é louca, Roberta, ainda diz que o perigo te deixa mais excitada. Mas volto ao sofá, eu bebendo a cerveja e comendo pequenos pedaços de queijo, o namorado ao meu lado, vestido, roupas elegantes, uma camisa linda, de uma loja de grife. Queria mesmo que me levasse para o quarto, que metesse bem gostoso. Esse negócio de ficar no fetiche não é muito comigo, mas cada um tem seu gosto, e a gente, pelo menos uma vez ou outra, precisa respeitar. Ele foi à cozinha, foi buscar um salgadinho pra me servir. Uma coxinha. Adoro. A cena, eu nua comendo coxinha! Não precisa, não quero engordar. Não engorda, não, você é magrinha, gostosinha. Quando voltou, eu estava de pernas cruzadas, um dos braços com o copo cobria um dos seios. Pelo menos, me faço de gostosa. Outro dia, ele inventou algo novo, ainda não te contei, Roberta. Adora me dar bombons. Bombons é chocolate, é doce, falei. Ele trouxe bombons sem açúcar, gostoso, uma caixa linda. Acredite, ele pediu pra eu sentar no mesmo sofá, lógico que nua, e em cima de um dos bombons. Vou fazer uma lambança, cheguei a dizer. Não faz mal, respondeu, vale a façanha. Aproveitou pra me fazer cosquinha com o celofane da embalagem. Não aguentei, a sensação foi tão gostosa No início, como que no automático, cruzei as pernas, depois, porém, voltei a ficar com elas juntas, mas para que a tal operação desse certo, tive de abri-las, e o tanto que pude. Engole o bombom, por favor, ele pediu, excitadíssimo, engole que depois deixo você ficar de pernas cruzadas. Engoli, inteirinho. Adivinhe por onde? Ficou arrepiada, Roberta?, pede ao namorado, você, que é tão desinibida.
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