Sempre quando vou a um hotel, olho se há câmeras no saguão. Você quer saber por quê? Conto já.
Fui com um namorado, ou um quase namorado. Andávamos lá
pelas tantas, agarrando-nos um ao outro, beijando-nos na rua e, principalmente,
na praia. Um dia, ainda cedo, por volta das nove da manhã, resolvemos tomar
café da manhã num hotel.
Caminhamos pela orla de Copacabana, olhamos hotel por hotel,
até que escolhemos um. Para a nossa situação, era aceitável. Entramos, e fomos
ao restaurante. O funcionário nos disse que era preciso pagar adiantado. O hotel
tinha serviço de buffet, podia-se comer à vontade. Meu quase namorado pegou a
carteira e pagou o café da manhã para duas pessoas. O mesmo funcionário nos
introduziu num salão luxuoso, onde várias pessoas já faziam o desjejum. Escolhemos
a mesa. Fui eu a primeira a desfilar por entre o buffet.
Parecia mais comida de almoço. Havia linguiça, ovos mexidos,
uma espécie de petit-pois, omelete, batata cozida. Depois vinham os diversos
tipos de pães, queijos, manteigas, bolos, doces, frutas etc. Não posso esquecer
o café com leite, o café puro, o café expresso, sucos e refrescos. Nossa, não
posso engordar, quanto tempo não como tanto. Aos poucos, fui colocando num
pratinho o que desejava. Meu namorado (depois de tanta comida, ele já era meu
namorado) foi buscar o que desejava. Pouco a pouco, alternávamos no buffet,
voltávamos à mesa com os pratinhos cheios. Que beleza, cheguei a dizer, pena não
aguentarmos comer tanto. Observamos os turistas, os casais, as famílias. Em um
momento, vi uma moça de roupa que se usa para ir e voltar da praia. Ela já
estava preparada para ir. Uma rendinha transparente cobria-lhe o biquíni; seu
namorado ou marido, um bonitão, jeito de gente rica.
Depois de uma hora, tomamos cada um mais um café. Sentíamos
pena de ir embora. Que tal ficarmos no hotel?, cheguei a pensar, mas nada
falei. Quando saíamos, eu disse vamos sentar um pouco nos estofados da
recepção. Meu namorado concordou. Sentamos, eu encostada nele, as pessoas
passando de um lado a outro, aquela alegria que só existe em viagens. Que bom
que estão felizes. Vamos viajar assim também nas férias!, exclamei. Meu namorado
sorriu, você gosta das coisas boas da vida.
Antes de sairmos, sentimos vontade de ir ao banheiro. Vimos a
sinalização e seguimos, dobramos à direita, encontramos os toaletes. Fui eu que
tive a ideia. Nada disse. Antes de entrarmos, ele no de homens e eu no de senhoras,
pedi que me esperasse ali, que não fosse para a porta do hotel. Demoramos cada
um mais ou menos cinco minutos. Quando saí, reparei que havia um terceiro
toalete, não sinalizado, depois do de senhora. Calculei que fosse para uso
interno do hotel. Quando o namorado saiu, eu disse venha cá. Puxei-o pelo braço
e entramos juntos no local.
Você é louca, ele falou. Abraçou-me e me deu um longo beijo
na boca. Ficamos entrelaçados, ele percorreu minhas costas com a ponta dos
dedos, uma espécie de carinho, uma espécie de cosquinha. Sente ali, pedi a ele,
pois havia uma cadeira depois do espelho. Reparei se havíamos trancado a porta.
O que pode nos acontecer?, ele perguntou; se nos descobrem, seremos expulsos do
hotel, nada mais, não somos hóspedes, isso facilita as coisas. Ele sentou, eu
agachei, puxei o fecho de sua bermuda e peguei o peru dele. O que aconteceu
depois? Imaginem. A gente de barriga cheíssima, quase sem poder se mexer e eu num
boquete delicioso!
Por isso, quando entro num hotel, procuro descobrir onde as
câmeras estão focalizando e, como dizem os americanos, onde ficam os Restrooms.
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