quinta-feira, fevereiro 24, 2011

Trouxe uma lata de coca-cola e um saco de batatas fritas

A praia do Flamengo naquela época era lotada no dia de domingo, a maioria das mulheres, inclusive eu, usava biquíni minúsculo, e arranjar namorado, pelo menos para aquele dia, era o nosso objetivo principal. Mal chegávamos à praia, tirávamos a camiseta e procurávamos um lugar de destaque onde pudéssemos ser observadas. Eu escolhia homens mais velhos, queria mordomia, geralmente eles pagavam tudo. Um modo de excitá-los era pedir que esfregassem o óleo de bronzear nas nossas costas e bumbum. Lembro que num domingo vivi uma experiência que me deixou a mil. Conheci um senhor, talvez quase trinta anos mais velho do que eu, mas jovial, de porte atlético. Apreciou-me durante muito tempo. Acabei por abordá-lo, pedi um cigarro. Ele me cedeu, com muito prazer, e o acendeu para mim. Ficou ao meu lado e comentou sobre o dia de sol e calor, disse que a praia estava muita cheia e que, entre todas as moças, eu era a mais bonita.


“Você teve tempo de olhar todas?”

“Quase todas.”

“Então fique aqui ao meu lado”, convidei.

Ele sentou. Pedi que espalhasse o creme às minhas costas.

“Como você está pretinha!” Reparou minha pele branca por sob a lateral do top.

“Venho quase todos os dias, no verão", falei.

“Que felicidade, não poderia haver coisa melhor, não é mesmo?”

“Adoro praia, para mim é o que mais conta.”

Depois de alguns minutos já estava deitado ao meu lado, com o rosto coladinho ao meu. Não perdeu tempo e me beijou; a seguir, ainda deitado, segurou uma das minhas mãos. Levei a sua para debaixo da minha barriga, eu estava com as costas para cima. A mãozinha dele ficou bem escondidinha, me aquecendo mais que o sol.

“Você bebe alguma coisa?”, ofereceu.

“Refrigerante.”

Ele foi comprar.

“Ei, cuidado para não se perder de mim, a praia está lotada.”

Sorriu. Demorou a voltar. Cheguei a pensar que me abandonara.

Trouxe uma lata de coca-cola e um saco de batatas fritas.

Lembrei a Gilda, “você fica aceitando tudo desses homens, ainda vai entrar pelo cano, lembra da Cris, foi parar no hospital, o cara, bem, você sabe o que fez com ela, é muito desagradável repetir.”

Mas aceitei as batatas, estavam uma delícia.

“Está enfeitiçada, a mulher que comê-la absorverá um pó mágico e ficará apaixonada por quem a presenteou, por uma semana seguida”, seu sorriso era sincero.

“Não dá pra ser uma mágica que dure um mês?”, perguntei entalada com as batatas.

Ele riu. “Podemos pensar numa mágica mais prolongada.”

Deitamos novamente sob o sol. Será que ele ia descobrir meu ponto fraco? Coloquei a mãozinha dele por sob o meu ventre mais uma vez, puxei um pouquinho até a borda do biquíni, um biquíni raso que só... Vem, vem um pouquinho mais pra baixo, adivinha o que desejo, lógico que apenas pensei.

“Vamos dar um mergulho?”

Aceitei. Corri diante dele, entramos na água. No momento em que mergulhei, o contato do mar frio com o meu corpo quente provocou uma sensação tão gostosa, que não consigo transformá-la em palavras. Acho que o nome mais próximo seria êxtase. O fato de ter alguém ao meu lado e de estar na expectativa do que estaria por vir durante as próximas horas também me fizeram sentir todo aquele arrepio. Procurei um espaço em meio a tanta gente, queria eu e ele, a sós, mas era impossível. Fomos mais um pouco, depois da maioria dos banhistas.

Lembrança da Kelly, dela e do namorado. Experiência viva do primeiro encontro. Ela disse que também atingiu uma espécie de êxtase dentro d'água, mas nomeou-o de orgasmo. O que ele fez? Adivinha. Tocou o biquíni dela. Brincou com os lacinhos. Onde a calcinha foi parar? Nas mãos dele! A Kelly diz que adorou. Jamais sentiu algo igual. E meu namorado? Peguei suas mãos, levei-as ao meu biquíni. Só faltou fazer que segurasse o elástico, aí já era dar mole demais. Ele não entendeu.

De repente, falou:

“Fico com o seu número, vamos amanhã ou depois, à noite, a um lugar reservado.”

Olhem só, quer me levar a um lugar reservado. E eu doidinha pra ficar nua ali mesmo... Oh, é um problema namorar homens muito mais velhos. Mas vou dar-lhe uma chance, pensei, leve meu telefone!

sábado, fevereiro 19, 2011

Chame ali a garota do biquíni

Houve um verão em que uns amigos alugaram uma casa na praia. Fui com eles. Quase não choveu naquele período, e eu andava dia e noite vestida com um biquíni estampado e uma camiseta curta. Era conhecida como a garota do biquíni. Muitos não sabiam meu nome, mas diziam, "chame ali a garota do biquíni". Eu acordava tarde, depois de meio dia, vestia o biquíni, procurava a camiseta e saía. Caso houvesse alguma festa à noite, alguma banda, ou mesmo uma musiquinha ao vivo, o que acontecia quase sempre, nem ia em casa. Bebia com os amigos e amigas, conversava e, vez ou outra, acendia um baseado. Foi uma época boa não só para toda a juventude, mas para os mais velhos também. Os coroas aprenderam com a gente a gostar do cheiro e do sabor de uma boa erva.

Certa vez, Alicinha, uma amiga eventual, veio me dizer que havia um homem apaixonado por mim, a moça do biquíni estampado, até o desconhecido assim me nomeava.

"Quem é ele?"

"Você vai adorar", falou, "é gentil, gosta das mesmas coisas que a gente."

O homem ainda vinha longe quando me apontou.

"Já sei quem é, nem me apresente", e corri dali, fui pra outra praia.

O homem, além de ser um caipira, não tinha um dente. A praia era frequentada por outros rapazes, gente queimada de sol, bonita, preferia esperar.

"Mas ele quer ficar com você, e quer que você fique só com ele. Pense bem, Jana, ele tem dinheiro", Alicinha me falou mais tarde.

Eu vivia beijando e abraçando a todos, não queria aquele homem, ele não era do meu agrado e, além disso, eu não precisava de dinheiro.

No dia seguinte, Alicinha veio de novo:

"Jana, você me faz um favor?"

"Se eu puder", respondi acendendo um cigarro e olhando o horizonte. O mar era um lago.

"Sabe o homem que está a fim de você?"

"Que homem? Não vejo homem algum", soltei a fumaça e olhei em volta.

"Não, não é isso, Jana, é aquele de quem te falei ontem."

"Ah, por favor, Alice, não me estrague o dia, mal começou..."

"Não quero estragar..."

"E então?"

"Estou querendo namorar com ele."

"E o que você está esperando?", sorri para ela, aliviada.

"Mas ele gosta mesmo é de você, fala pra todo mundo, falou até para o Cacá."

O Cacá era um primo meu distante.

Não dei motivo para que o assunto continuasse.

"Mas pensei em algo", falou me pedindo um trago do cigarro. "Ele nunca se aproximou de você, nós duas somos parecidas, que tal você me emprestar o biquíni e a camiseta, talvez assim eu consiga, me entende?"

"Lógico que empresto, como podemos fazer?" Queria me ver livre do assunto e do homem.

"Ele está bebendo no Sansiro, ali depois da enseada."

"Onde tiro a roupa?", perguntei apressada.

"Na barraca do Álvaro, você fica me esperando."

"Ficar esperando?"

"Isso."

Foi a única vez que tirei o biquíni. Ela se foi, fazendo de conta que era eu.

"O que você está fazendo aí nua?" Marta me encontrou.

"Emprestei o biquíni pra Alice, tem um cara a fim de mim e ela foi no meu lugar."

Marta caiu na gargalhada. "E você vai ficar nua a tarde inteira, dentro dessa barraca?"

"É, não sei, como devo fazer?"

Voltou com um biquíni vermelho, bem legal.

"Vista, pode ficar, agora você é outra pessoa..."

Vesti. E fui dar um mergulho. A partir daquele momento passei a ser a garota do biquíni vermelho.

sexta-feira, fevereiro 18, 2011

Disfarce

Vou ao encontro do meu admirador selvagem, homem rude, mãos ásperas, porém muito sedutor. Ele trabalha num haras onde a vida ao natural é bem convidativa.
Preciso de um disfarce. Lanço mão de uma peruca, uma roupa inédita e óculos.
Ele vai ficar muito surpreso. Jamais imagina que uma pessoa como eu, com a vida tão cronometrada, possa se dar ao luxo de viver uma aventura.

Entro no ônibus como se fosse visitar meus parentes em Macaé. Todos os apetrechos provocantes vão dentro de uma sacola.

Desço próximo ao haras. Tudo é muito deserto e a tarde se finda. Coloco a peruca e os óculos. Subo a ladeira que chega ao curral. Avisto Elias. Ele está levando uma égua até a baia. Ainda não me viu.

Aproveito e dispo o forro do vestido, deixando transparecer o meu corpo através de um tecido rendado. Minha calcinha é cheia de detalhes, fácil para o desnude total. Meus seios serão vistos assim que eu chegar, provocando sensações.

"Quer falar com alguém?"

"Com você mesmo."

"Nossa! Nunca pensei que o meu dia chegaria.”

Largou o que estava fazendo, abaixou, pegou uma mangueira, lavou o rosto e as mãos. Me chamou para o depósito de rações. Elias arrumou uma cama com os sacos, me segurou com seus braços fortes e me beijou intensamente. Tirou toda a minha roupa e abocanhou meus mamilos. Vesti seu pênis, que já estava armado como uma rocha, com uma camisinha. Ele então me acarinhou e fez que o prazer tomasse conta de todo o meu corpo.

"Você é muito gostosa, e com esse disfarce ficou ainda mais apetitosa.”

Gozei feito uma égua. Ele urrou de tanto prazer.

Me vesti do jeito que havia saído de casa e abandonei o local. Eram quase oito da noite.
Prometi voltar outras vezes. Afinal, fome e sede não sentimos só uma vez.

quinta-feira, fevereiro 17, 2011

Não se pode é perder o rebolado

Essas meninas são inexperientes, não sabem o que é o carnaval, em meio à música alta e ao êxtase coletivo deixam-se despir pelas mãos dos rapazes e já vão mortas de vergonha.

"Marg, como você faz?"

"Sou de outros carnavais."

"Mas você só quer saber de pular..."

"É isso o carnaval."

"Noutros tempos você não ia nua?"

"Ia e ainda vou, mas não como vocês."

"Como nós..."

"Envergonhadas."

"Você acha que estou envergonhada?"

"Um tanto vermelhinha."

"Confesso que tenho medo, depois que o baile acabar, o que vai ser..."

"Dance, dance muito, se você pensar não vai aproveitar."

"Mas e depois?"

"Depois a gente vê."

"Jura?"

"Sempre se arranja um jeito. Dance, não se pode é perder o rebolado."

Ah, essas meninas chegam nuas, provocantes, depois vêm com histórias. Houve uma que de tanto segurar as tiras laterais com medo-desejo de ficar sem acabou com a calcinha dividida em dois. Oh, onde meu pareô, ela quis saber. Ia nu o pareô, no encosto de uma cadeira, procurava-se pelo corpo que escapara.

Tão inocentes essas meninas, ainda não acreditam que moça e mulher bonita sempre atraem alguém para vir em seu socorro.

Mas hoje não me deixo nua, não, vou mais recatada, quero só me divertir, e é tão bonito o biquíni pequenino...

sexta-feira, fevereiro 11, 2011

Caldas Novas

Seu olhar era penetrante, não permitia disfarce para quem escolhia como alvo. Já pela segunda vez havia virado o rosto em minha direção. Eu, em máscaras desastradas, não consegui evitar que nossos olhares se cruzassem.

Estava hospedada havia dois dias no Roma, em Caldas Novas, quando reparei aquele homem mais novo do que eu. Não sou jovem, mas ainda mantenho a elegância e um porte físico sensual, sobretudo devido à minha altura e ao biquíni mínimo que sempre teimo em usar. No parque aquático, porém, moças jovens chamavam mais a atenção. Por que ele queria justamente a mim? Outro problema: estava acompanhada, viajara com meu marido, minha filha, o genro e uma neta. Um verdadeiro cortejo. E aquele homem, que eu não sabia se estava sozinho, a me procurar, ao menos com a presença, a sorrir, a fazer alguns movimentos significativos com o rosto. Pensei em dizer que parasse com aquilo, até achei que poderia ser alguém doente a me perseguir. Mas depois me acalmei, tive ideias melhores, reparei que pelo que ele comia e bebia, pelas músicas que apreciava durante o dia ou mesmo no início da noite, pelas pessoas com quem se relacionava, que se tratava de uma pessoa normal.

Meu marido sempre foi uma pessoa agradável, mas nosso casamento tornou-se burocrático. Toda mulher tenta manter a relação, tenta remediar os problemas, procura encontrar motivos para alegria, apesar de todos os desgastes consequentes de um casamento longo. Os homens, de modo geral, sempre acham suas ações as coisas mais normais do mundo, acham que a mulher sempre está pronta para compreendê-los, a amá-los. Assim é João, meu marido. Diz que me ama, me chama para passeios e viagens. Nesse aspecto é ótimo, um marido excelente, dirá a maioria das mulheres. Mas é um fingido de primeira. Pensa que me engana.

A estada em Caldas duraria uma semana. Sete dias de banhos naquelas águas quentes, passeios pelo rio Quente, algumas idas à noite ao centro, restaurantes, cerveja, vinho e caipirinha. Mas logo no segundo dia aquele novo personagem apareceu e não demorou a me acenar. Acabei por encontrar um bilhete seu entre meus pertences: "mulher bonita e elegante", apenas essas palavras. Na piscina, quando eu aparecia, já se espreguiçava no lado oposto. Como eu o descobria? Não sei, acho que começou a existir uma espécie de magnetismo.

Quando eu estava com minha neta, levava-a para a parte rasa. Ela ria e batia palmas em meio a seus brinquedos aquáticos. Inocências da infância. Naquele momento fixava-me apenas nela. Mas ele resolvia passar por perto, e me atraía com uma risadinha. Meu marido? Jogando tênis com o genro. Sempre jogando tênis, o tempo todo.

"As crianças são as pessoas mais fofas do mundo, daria tudo por uma", escutei a voz, vinda de trás, então ele passou, apontando à pequena.

À tarde, minha filha pegou a menina e a levou à recreação. Fiquei só na piscina maior e de águas mais quentes. Ele aventurou-se em meio ao vapor e veio conversar comigo. Apressei em dizer que estava acompanhada. Respondeu-me que já havia jogado uma partida de tênis com o meu marido e que até fizera amizade com ele.

"Bom jogador, o seu marido, não sei como não se profissionalizou, muito bom jogador."

Tive de rir daquela conversa.

"E, você, joga também?"

"Jogar, jogar, não sei, me esforço, mas não consegui vencê-lo, nem o enfrentarei de novo, não sou adversário para ele. Ninguém no hotel ainda conseguiu vencê-lo."

"Acho que nem vão conseguir, joga tênis o tempo todo, chega a ser um aborrecimento."

Pronto. Não sei se entendeu aquilo como uma senha, ou como um desabafo. Lembrei de um amigo que me falava que quando uma mulher reclama do marido é porque está facilitando as coisas.

"Não se aflija, por outro lado é bom que ele seja um jogador talentoso, e que sempre pratique bastante."

"Ele é talentoso", repeti, "ele é muito talentoso", mergulhei deixando-o para trás e apareci do outro lado da piscina. Não mais o vi naquele fim de tarde.

No dia seguinte apareceu de novo. Meu marido continuava no seu périplo, como disputasse algum torneio internacional.

"Bom dia!", falou alto, parecia entusiasmado. Foi logo perguntando: "vão ficar no hotel até quando?"

"Bom dia", respondi educada, "acho que mais dois ou três dias."

"Parto amanhã", falou eliminando o sorriso, "não posso continuar, o trabalho me espera."

"Que pena", falei. Depois achei que cometi uma gafe, ou, sei lá, um ato falho. Minhas palavras foram suficientes para que ele voltasse a ter a face iluminada pelo sorriso de sempre.

"O que se pode aproveitar em tão pouco tempo? Vou dar mais alguns mergulhos e à noite passear pela cidade. Vou tomar umas caipirinhas."

"Caipirinhas?"

"Isso, você também gosta, já vi você bebendo duas", sorriu mais uma vez, apontando o bar que ficava à beira d'água.

"Ah, sou fraca em relação ao álcool, só bebo nas férias."

"É mesmo?" Pediu licença porque teria de se ausentar por alguns minutos. Mas falou para que eu não fosse embora, voltaria em instantes.

Apareceu em menos de dez minutos. Trazia duas caipirinhas. Uma era de lima da pérsia, meu sabor predileto.

"Obrigada, vou aceitar para não fazer desfeita", falei.

"Estamos de férias, não se preocupe, e creio que seu marido não vai se aborrecer caso você tenha arranjado um amigo."

"Lógico que não", respondi, "tenho muitos amigos", disfarcei enquanto sorvia o primeiro gole.

Naquela última manhã de sua hospedagem ficamos conversando durante muito tempo. Bebi aquela e mais outra, acabou vencendo minha rigidez e conversamos com franqueza. Ele disse que já tinha se separado duas vezes e que vivia sozinho nos últimos tempos.

"Sou operador na bolsa de São Paulo", falou.

Sempre achei que quem exercia essa profissão eram as pessoas mais chatas do mundo. Mas ele desmentiu meu preconceito. Era um homem culto, entendia de muita coisa, e até de poesia.

"Como é possível um operador de bolsa de valores entender de poesia?", cheguei a levantar a questão.

Ele sorriu e falou:

"Na vida se aprende de tudo, até poesia", e caiu na gargalhada. Continuou: "e é uma das melhores coisas da vida, acredite."

Não fomos além daquele dia, nem daquela conversa. Pediu meu e-mail.

"E-mail?, nem entendo de computador. Sou dona de casa, não cuido de computadores. Mas vou lhe dar meu endereço."

Agora voltamos à nossa vida de sempre. As férias acabaram, tudo voltou ao normal. Ao normal? Não sei o que vai acontecer daqui em diante. Com meu endereço nas mãos, não perdeu tempo. Logo entrou em contato. Na carta resposta, dei o número do telefone daqui de casa. Ele ligou, disse que viria para uma visita, pediu que avisasse ao meu marido. Marcamos a visita. Ele vem amanhã, vem para o jantar. Meu marido? Sabe que ele vem, mas descobriu que logo amanhã joga uma partida de tênis inadiável, no clube do qual somos sócios.

"Fique conversando com seu amigo, peça desculpas em meu nome, acho que não vai se incomodar", falou..

domingo, fevereiro 06, 2011

E não é que o homem é tão gostosinho...

Tenho um amigo que adora me provocar. Sabe que escrevi alguns contos para o site da Margarida, então fica me pedindo que eu escreva mais, porque, ainda segundo ele, minhas histórias são muito excitantes. Quando soube que eu viria a Rio das Ostras nas férias, logo me escreveu: faça de novo aquela experiência de entrar na água do mar e ficar nua; na outra vez você deixou a parte inferior do biquíni nas mãos de seu namorado, agora enrole-a no pulso como se fosse uma pulseira, ou peça a um estranho para segurá-la.

Este meu amigo tem imaginação, até mesmo mais do que eu, veja só o que ele quer, eu pelada e meu biquíni nas mãos de um estranho! Será que faço sua vontade?

Entrei no mar. Ainda é cedinho, poucas as pessoas. Adoro acordar cedo, sinto intensa paixão pelo ar virgem da manhã. Dentro d’água então nem se fala. Quase ninguém caminha pela orla. Ao longe, um barco volta da pescaria. As casas, no lado contrário ao mar, parecem dormir.

Ainda bem que onde moro ninguém se mete na minha vida, nem minha mãe, sabe que gosto de acordar cedo, não faz perguntas. Ela dorme muito, vai até às nove e meia, se deixar às dez.

A água está tão fria! Acho que não tem graça tirar o biquíni nessa situação, mais valeria depois das onze, quando a praia está cheia de gente. Mas vamos fazer parte da vontade de meu amigo, quero depois lhe enviar a história, muito bem contadinha. Tiro a parte de baixo do biquíni.

Para quem gosta de ficar nua, asseguro, dentro d’água ninguém nota, mesmo a praia estando cheia. Uma senhora de mais de cinquenta anos foi quem me deu a dica. De início, duvidei. Mas depois constatei que era verdade. Me disse que sempre tirava o biquíni e sentia uma sensação incrível. Quando perguntei se ninguém nunca notara, apressou-se em responder: “não!”

Faço o mesmo. Transformo o meu biquíni numa pulseira, bem amarradinha, os lacinhos tão bem arrumados que nem parecem que aquele paninho era a calcinha. Fico a mergulhar para lá e para cá com a pulseirinha num dos braços. Do jeito que a praia está deserta, posso correr até a areia, deixar a pulseira por lá e voltar para dentro d’água que ninguém vai perceber. Será que tenho coragem? Acho que já estou querendo ir longe de mais... Melhor deixar essa travessura para amanhã!

Aproxima-se um homem, ele olha para mim. Acho que não vai ser tão cara de pau de vir até aqui para conversar comigo. É um senhor, e eu o conheço. Ah, esses senhores, adoram garotas novas, tanto mais uma garota travessa, e ele bem sabe da minha fama. Já me viu algumas vezes de biquininho. Adorou, babou. Viu que estou sozinha. Vem até a beira da água, sorri. Estou a uns trinta metros dele. Não resiste, se dirige a mim como quem não quer nada:

“A água está muito fria?”

O que vou responder? Se digo não, que está quentinha, é capaz de mergulhar e vir até aqui, dei conversa, vai querer puxar assunto; caso diga sim, é capaz de afirmar: sou macho, gosto de água fria. Minha demora faz que ele mesmo tome a decisão:

“Vou eu mesmo experimentar.” Mergulha.

O que faço? Desamarro a pulseira e a transformo de novo no biquíni? Mas são tantos os lacinhos, acho que vou me embaralhar, e ele ainda me pega com a mão na massa.

Está demorando a aparecer. Ai, que susto, veio à tona quase ao meu lado. Será que me descobriu pelada? Pelo jeito, acho que não. Nada falou, e o mar está tão escuro, ainda o sol fraquinho. Mergulho eu, mas com cuidado, o bumbum não pode vir à tona, caso isso aconteça incendeio o homem. Tento me afastar. Mas ele se chega, juntinho. Será que minha amiga cinquentona não tem razão? Quero continuar a brincadeira. Faço a pergunta fatal:

“Como vai dona Mara?” Sei que é a mulher dele, me convidou para fazer um lanche um dia desses.

“Ah, a Mara”, emenda sem graça, “já deve estar vindo aí, adora a praia de manhã bem cedo.”

Sinto que estraguei o seu humor. O bom velho se afasta sacudindo a cabeça e deixando escorrer água pelo rosto. Continuo nua sem que ele note. Sinto pena dele por causa da situação embaraçosa que criei. Quero recuperá-lo, dar-lhe outra chance. Chamo o homem de volta, ele nem é feio.

“Faz um favor pra mim?”

“Faço”, responde reanimado.

“Segure um instantinho isso?”

“O que é?”, quer saber.

“Essa pergunta é proibida, trata-se de um segredo, só entre nós dois, tá? Nem dona Mara pode saber, é uma coisa que não morde”, instigo.

Ele aceita. Entrego, então, em suas mãos, minha pulseirinha!

Dona Mara é que vai gostar do seu bom velhinho, depois de vinte minutos fiz ele ficar vinte anos mais jovem. E não é que o homem é tão gostosinho...

Meu amigo, que me pediu essa historieta, vai me perguntar se ela é verdadeira ou se é imaginação minha. Não digo sim. Mas também não digo não.

Sei que o velhinho já se foi. E eu, aqui. Peladinha.

quinta-feira, fevereiro 03, 2011

Livre para voar

Hospedada aqui neste hotel paradisíaco, só me vem à mente conhecer alguém que atenda às minhas fantasias sexuais.

Vejo um homem de aparência tranquila sentado sozinho no canto do restaurante. Olha para mim com olhos de cachorro sem dono, me faz um sinal, talvez por ter notado a ausência de uma companhia masculina ao meu lado, ou de uma aliança num dos dedos de minha mão esquerda.

Sento à mesa sempre acompanhada de uma menina de dez anos e um casal.

Finjo ir ao toalete e desapareço. Noto que o homem faz o mesmo. A sobremesa deste almoço será, com certeza, mais interessante do que a dos três.

Ando sob o sol forte. Quando paro à sombra de uma árvore e olho para cima, imagina quem vejo? Um gato trepado no galho mais alto chamando-me para subir, para não dizer trepar.

Aceito o desafio.

"Estou de vestido" (na verdade é uma saidinha de praia).

"Não tem problema."

Escalando o tronco, chego perto dele.

"Quem é você, deusa dos ares?"

"Sou Ágata, e vim a este lugar para descansar dos problemas comuns do dia-a-dia. E você, como se chama?"

"Meu nome é Caio. Gostei de você quando a vi no restaurante. Também venho tentando esquecer algo, e este é um ótimo lugar para isso. Vamos falar de coisas interessantes?"

"O que você sugere?"

"O que você mais gosta de fazer?"

"Esta pergunta é um pouco excitante para nós que estamos nos conhecendo agora", respondo.

“Você gosta muito de fazer sexo?"

"Gosto muito."

“Vejo através do seu tecido semitransparente um corpo escultural e prazeroso."

"Só de você falar assim meus hormônios começam a se agitar. Estou bastante tempo sem, não encontro ninguém com quem valha à pena arriscar."

"Nossa, a sua história se parece muito com a minha. Acho que se você topar, vou gozar antes de lhe penetrar."

“Topo. Coloque a camisinha para você perceber o quanto sou quente. A portinha da minha vagina é estreita."

Caio deixa escapar o pênis pela abertura da bermuda e veste-o com a camisinha.

Me livro do biquíni já molhadinho, ali mesmo. Ele cai como um pára-quedas no galho de baixo. Nos deliciamos com o encontro de nossos sexos.

"Nunca experimentei um enrosca-enrosca em cima de uma árvore", digo.

"Para mim também é inédito."

"Vamos concluir esta transa em outro lugar?"

Descemos e vamos atrás de outro lugar ainda não experimentado por nós. O biquíni? Esqueço-o. Sou toda prazer, penso apenas no sexo do meu recente namorado.