A praia do Flamengo naquela época era lotada no dia de domingo, a maioria das mulheres, inclusive eu, usava biquíni minúsculo, e arranjar namorado, pelo menos para aquele dia, era o nosso objetivo principal. Mal chegávamos à praia, tirávamos a camiseta e procurávamos um lugar de destaque onde pudéssemos ser observadas. Eu escolhia homens mais velhos, queria mordomia, geralmente eles pagavam tudo. Um modo de excitá-los era pedir que esfregassem o óleo de bronzear nas nossas costas e bumbum. Lembro que num domingo vivi uma experiência que me deixou a mil. Conheci um senhor, talvez quase trinta anos mais velho do que eu, mas jovial, de porte atlético. Apreciou-me durante muito tempo. Acabei por abordá-lo, pedi um cigarro. Ele me cedeu, com muito prazer, e o acendeu para mim. Ficou ao meu lado e comentou sobre o dia de sol e calor, disse que a praia estava muita cheia e que, entre todas as moças, eu era a mais bonita.
“Você teve tempo de olhar todas?”
“Quase todas.”
“Então fique aqui ao meu lado”, convidei.
Ele sentou. Pedi que espalhasse o creme às minhas costas.
“Como você está pretinha!” Reparou minha pele branca por sob a lateral do top.
“Venho quase todos os dias, no verão", falei.
“Que felicidade, não poderia haver coisa melhor, não é mesmo?”
“Adoro praia, para mim é o que mais conta.”
Depois de alguns minutos já estava deitado ao meu lado, com o rosto coladinho ao meu. Não perdeu tempo e me beijou; a seguir, ainda deitado, segurou uma das minhas mãos. Levei a sua para debaixo da minha barriga, eu estava com as costas para cima. A mãozinha dele ficou bem escondidinha, me aquecendo mais que o sol.
“Você bebe alguma coisa?”, ofereceu.
“Refrigerante.”
Ele foi comprar.
“Ei, cuidado para não se perder de mim, a praia está lotada.”
Sorriu. Demorou a voltar. Cheguei a pensar que me abandonara.
Trouxe uma lata de coca-cola e um saco de batatas fritas.
Lembrei a Gilda, “você fica aceitando tudo desses homens, ainda vai entrar pelo cano, lembra da Cris, foi parar no hospital, o cara, bem, você sabe o que fez com ela, é muito desagradável repetir.”
Mas aceitei as batatas, estavam uma delícia.
“Está enfeitiçada, a mulher que comê-la absorverá um pó mágico e ficará apaixonada por quem a presenteou, por uma semana seguida”, seu sorriso era sincero.
“Não dá pra ser uma mágica que dure um mês?”, perguntei entalada com as batatas.
Ele riu. “Podemos pensar numa mágica mais prolongada.”
Deitamos novamente sob o sol. Será que ele ia descobrir meu ponto fraco? Coloquei a mãozinha dele por sob o meu ventre mais uma vez, puxei um pouquinho até a borda do biquíni, um biquíni raso que só... Vem, vem um pouquinho mais pra baixo, adivinha o que desejo, lógico que apenas pensei.
“Vamos dar um mergulho?”
Aceitei. Corri diante dele, entramos na água. No momento em que mergulhei, o contato do mar frio com o meu corpo quente provocou uma sensação tão gostosa, que não consigo transformá-la em palavras. Acho que o nome mais próximo seria êxtase. O fato de ter alguém ao meu lado e de estar na expectativa do que estaria por vir durante as próximas horas também me fizeram sentir todo aquele arrepio. Procurei um espaço em meio a tanta gente, queria eu e ele, a sós, mas era impossível. Fomos mais um pouco, depois da maioria dos banhistas.
Lembrança da Kelly, dela e do namorado. Experiência viva do primeiro encontro. Ela disse que também atingiu uma espécie de êxtase dentro d'água, mas nomeou-o de orgasmo. O que ele fez? Adivinha. Tocou o biquíni dela. Brincou com os lacinhos. Onde a calcinha foi parar? Nas mãos dele! A Kelly diz que adorou. Jamais sentiu algo igual. E meu namorado? Peguei suas mãos, levei-as ao meu biquíni. Só faltou fazer que segurasse o elástico, aí já era dar mole demais. Ele não entendeu.
De repente, falou:
“Fico com o seu número, vamos amanhã ou depois, à noite, a um lugar reservado.”
Olhem só, quer me levar a um lugar reservado. E eu doidinha pra ficar nua ali mesmo... Oh, é um problema namorar homens muito mais velhos. Mas vou dar-lhe uma chance, pensei, leve meu telefone!