quinta-feira, março 17, 2011

Esta vida é muito boa

Tudo começou quando falei ao meu namorado:

“Tenho dezessete anos, me iniciei no sexo com você aos quinze, você praticamente mora aqui em casa e estamos juntos faz mais de dois anos. Não quero que leve a mal o que vou te dizer, mas estamos vivendo praticamente uma vida de casados. Ainda sou muito jovem, preciso ter outras experiências, quem sabe um dia possamos nos encontrar de novo, então já teremos vivido mais e saberemos o que realmente queremos dali pra frente. Se continuarmos juntos, acho que nosso amor não dura muito, não demora vamos dizer que nos conhecemos muito cedo, que éramos inexperientes e não aproveitamos a vida.”

Ele me olhou sem nada dizer, mas acho que já esperava por esse tipo de conversa. Havia muito minha atenção a ele diminuíra. Quando percebeu que eu não tinha mais o que falar, perguntou o que todo homem pergunta nesta hora:

“Você tem certeza de que é isso mesmo que você quer?”

“Nunca se sabe ao certo o que se quer, acho que li isso num livro, mas por enquanto tenho.”

Ele se foi.

Comecei uma vida nova. Passei a ter muitos amigos e a sair com os mais diversos tipos de pessoas.

Logo conheci um rapaz através de uma amiga. Deixei-o frequentar a minha casa, mas avisei que não queria compromisso, apenas amizade. Caso rolasse alguma coisa, tudo bem, mas ele não poderia dizer que era meu namorado. Como é difícil um homem e uma mulher estarem juntos sem que aconteçam toques e carícias e que estes, enfim, se transformem em sexo. Ficamos juntos por algum tempo. Acabamos transando no meu próprio quarto, num domingo à tarde. Era carnaval. Se eu quisesse, poderia ter ficado com ele por mais tempo. Temerosa de que se repetisse o que aconteceu comigo e meu primeiro namorado, passei a sair mais e a não ter tempo para ele. Percebeu minha indiferença. Sem nada dizer, desapareceu.

Depois de algumas semanas, viajei com uma amiga cuja família tem casa em Cabo Frio. Uma ótima viagem. Só havia mulheres na casa. Resolvemos, numa noite, ir à discoteca. Lá nenhuma de nós ficou sozinha. Ângela, minha amiga e dona da casa, pediu que caso algum dos rapazes nos acompanhassem no fim da noite tudo deveria acontecer na maior discrição. O melhor seria marcar para o dia seguinte, na praia. Cumpri o que ela me pediu, mas as duas outras acabaram levando a tiracolo seus recentes cachos. A situação ficou um pouco confusa. Só lá pelas seis da manhã foi que elas conseguiram despachá-los. Mas partiram felizes, pois conseguiram o que pretendiam.

O rapaz que ficou mais tempo ao meu lado na boate não apareceu na praia. Mas um homem de uns trinta e poucos anos ficou me olhando, até que se aproximou e pediu para me fazer companhia. Permiti, sob os olhares curiosos das minhas outras três amigas. Na verdade, não aconteceu nada além disso. Apenas quando resolvi dar um mergulho, ele me acompanhou. Dentro d’água, tocou o meu corpo. Mas não houve clima para nada mais. À noite, sim, saímos, apenas nós dois. O homem, que se chamava Carlos, me levou a um bar muito bonito. Depois... Bem, depois não preciso contar o que aconteceu. Mas fomos para a casa dele...

Todas essas experiências comprovavam que eu estava certa quando terminei com o meu primeiro namorado. Conhecer novos homens, saber como cada um age, como seguram nosso corpo, o modo como se dirigem a uma mulher, tudo isso é muito importante. Estava no caminho certo. Era mesmo cedo par colar em alguém.

Apareceu, depois, um homem bem mais velho. Esses são ótimos, porque já tem a vida estabelecida. Pagam tudo e nada perguntam. São carinhosos, sabem se relacionar com as mulheres. O mais difícil, porém, é encontrar um que não tenha compromisso. O que conheci podia sair comigo o dia e a hora que eu quisesse, mas descobri que ele tinha uma mulher, e ela era mais velha do que ele. Minha mãe ficou preocupada, porque, apesar de não se meter nos meus relacionamentos, queria que eu terminasse a faculdade e me tornasse uma mulher independente. Em companhia de alguém mais velho, achava que eu sairia prejudicada. Podia me acomodar, viver uma espécie de prostituição entre aspas.

Não demorou e me vi livre dele, apesar de a separação me deixar um pouco triste. Mas as conversas eram outras, os gostos também, e não seria o dinheiro que iria contribuir para que eu tapasse o sol com a peneira.

Então arranjei algumas amigas que não queriam saber de relacionamentos, mas que gostavam muito de transar. Saíam e trepavam naquela mesma noite com o homem recém conhecido, não importava em que lugar se encontravam. Podia ser dentro do carro, na própria boate, em algum hotel, ou até mesmo num banheiro, fossem eles de qualquer local.

Comecei a achar essa atitude um tanto grosseira. Estava acostumada a ter relações sexuais com homens que gostavam de mim, por isso, conhecer alguém e transar na mesma noite, não sentia como algo positivo. Mas resolvi experimentar. Passei a agir um pouco diferente delas: nunca saía com o primeiro que aparecia. Esperava o tempo passar. Quando tudo levava a crer que não mais surgiria homem algum digno de mim, acontecia o contrário. Minhas amigas, que já tinham experimentado os seus e os mandado andar, ficavam furiosas. Diziam: “Stela, você é sortuda pra cacete.”

Passava o tempo e aquela vida até parecia muito agradável. Satisfazia-me e não tinha que ficar aturando homem algum depois. Na verdade, quando se tem a vida organizada, arranjar um namorado acaba acarretando muitos problemas. O namorado jamais pensa como a gente. Às vezes é impossível um acordo, acabamos sempre fazendo o que não desejamos. O homem, mesmo dizendo que não é machista, acaba por impor sua vontade, porque sempre acha que tem razão. É uma questão cultural.

Para aumentar minha satisfação, fiz mais uma descoberta. Não há lugar melhor para se frequentar do que bares e restaurantes de hotéis de luxo. Neles, além de o ambiente ser mais selecionado, os locais para se fazer amor são mais discretos, como a própria suíte de quem nos deseja. E, caso se precise trepar em toaletes, os dos hotéis são vazios, limpos e discretos.

Outro dia, uma colega de faculdade me perguntou: “nesses relacionamentos ocasionais, não pode aparecer algum louco e fazer algum mal a você?” Respondi que sim. O que iria fazer, mentir? Mas nunca aconteceu. Ou melhor, só houve um pequeno problema, disse a ela: “um deles roubou minha calcinha.” Ela riu, e completou: “ah, isso não é nada, uma taradice dessas até que é boa!”

Mas não sei, não. Lembram-se do meu primeiro namorado? Ele se formou e está trabalhando, um emprego ótimo, fez concurso, ganha muito bem. Mais uma coisa, disse-me a minha mãe, que esteve com ele: arranjou uma namorada linda. Parece que não demora e vão casar.

Já se passaram quatro anos desde o dia em que terminei com ele. Será que já está na hora de eu ter um namorado fixo? Acho que ainda é cedo. Mas sábado passado aconteceu uma coisa que me deixou um pouco preocupada. Fiz amor com um homem lindo, que também conheci naquela mesma noite. Estávamos numa festa na casa de uma amiga. Mas o problema foi que nem ele nem eu tínhamos camisinha. Aliás, tentei arranjar com alguma amiga, mas parecia que ninguém tinha camisinha. Trancamo-nos no banheiro. Adivinhem o que aconteceu? Isso mesmo que vocês estão pensando. A carne é fraca.

Bem, daqui pra frente o que posso fazer é tentar ter mais cuidado. Mas há uma coisa que digo, sem dúvida alguma: esta vida é muito boa.

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