“Marg, você me empresta aquele seu vestido estampado com flores azuis?”
“Estampado com flores azuis?”
“Isso mesmo, aquele que você usou na festa da Isis.”
“Ah, sei, um que comprei na Exotic.”
“Acho que é de lá sim, Marg. Ele é muito bonito.”
“Mas você, Stela, tem tanta roupa bonita, acho que tem mais bom gosto do que eu.”
“Ah, não diga isso, Marg, posso até ter muita roupa, mais bom gosto do que você é outra história.”
“Empresto, basta ir lá em casa pegar.”
“Ótimo, vou lá quando sairmos daqui.”
“Uma curiosidade, pra que você quer o vestido?”
Stela sorveu o último gole do café, olhou através da vidraça a tarde que caía, algumas pessoas apressadas, jovens conversando, homens de terno.
“Seu vestido dá sorte.”
“Sorte? Como assim?”
“Ajuda a arranjar namorado.”
“Que besteira, Stella, o vestido nem é dos melhores que eu tenho, é comprido...”
“Mas toda vez que você o usa, está ao lado de um homem bonito.”
“Mas acho que a razão não é o vestido.”
“Marg, sei que você é uma pessoa especial, acho que com o seu vestido vou me tornar especial também.”
“Já imaginou se todas as minhas amigas pensarem o mesmo e pedirem minhas roupas? Vou andar nua!”
Stela sorriu, comeu o último biscoito, depois olhou na direção de uma das garçonetes.
“Por favor, poderia me trazer mais um expresso?”
A moça prontamente se dirigiu ao fundo da cafeteria.
“Mas, Marg, as outras amigas não precisam saber, é segredo, você me empresta o vestido e depois eu conto o que aconteceu.”
“Ok. Stela, você quer saber mesmo a razão de eu sempre ter namorado a ponto de precisar evitá-los?”
“Quero, mas não vai me deixar de emprestar o vestido por causa disso.”
“Claro que não. A causa é a seguinte: não fico pensando muito nisso, então eles aparecem naturalmente.”
“Você é uma mulher de sorte, Marg, vive em paz consigo mesma.”
“Acho que você descobriu o segredo. Quando vivemos em paz, quando estamos felizes mesmo sozinhas, os homens aparecem às pencas.”
“Às pencas, que palavra engraçada. Agora me lembrei da Dani. Ela foi a um baile de carnaval e disse que os homens a rodeavam às pencas.”
“A Dani adora bailes de carnaval, e daqueles bem quentes.”
“Já sei, Marg, daqueles em que os homens querem deixar a gente nua.”
“Isso mesmo, pelada.”
“Marg, você também gosta desses bailes, não é mesmo?”
A garçonete chegou com o café de Stela. Ela olhou para moça, sorriu e agradeceu.
“Gosto. Já fui a muitos deles.”
“Não vai mais?”
“Não com antes, mas ainda frequento alguns?”
“E os homens, deixam você nua?”, falou e chegou a rir alto, com a xícara de café na mão.
“Se eu bobear, querem até minha calcinha, de lembrança?”
“E você já namorou no carnaval?”
“Sempre se namora, um a cada dez minutos...”
Stela sorriu e completou.
“Sabe, estou eufórica para usar esse seu vestido!”
“Mas você não vai deixá-lo escapar nas mãos de um desses rapazes mais afoitos, não é mesmo? Quero meu vestido de volta!”
Stela me olhou nos olhos e soltou uma sonora gargalhada...
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