domingo, janeiro 15, 2012

Sem o biquininho e sem bateria

Meu namorado inventou uma fantasia que acabei adorando. Corro um pouco de risco, mas sinto melhor o arrepio. Faz alguns dias me pediu para sair à noite com ele vestida apenas de biquíni.

“Só de biquíni?”, fiquei assustada.

“Sim”, respondeu ele.

“Mas não posso levar nem uma blusinha?”

“No início, pode, desde que em algum momento você fique só de biquíni.”

Saímos então às onze da noite. Vesti um vestidinho curto que uso como saída de praia. Já que fomos de carro, não houve problema algum. Após rodarmos um pouco, ele parou num quiosque, na orla de Ipanema. Saltamos. Ninguém reparou minhas pernas de fora. Depois de fazermos um lanche, descemos até a praia.

“Vamos sujar os pés”, falei.

“Não faz mal, depois a gente limpa”, prático este meu namorado.

Caminhamos até quase à beira d’água. Não havia ninguém por ali. Ele me pediu:

“Tira o vestidinho.”

Olhei para um lado, para o outro e tirei. Fiquei apenas de biquíni. Meu namorado me abraçou e permanecemos grudadinhos um ao outro por muito tempo.

Na hora de ir embora me fez outro pedido:

“Você volta pro carro apenas de biquíni?”

“Será que consigo?”, respondi com a pergunta.

Caminhamos com tranqüilidade até o estacionamento, do outro lado da pista.

Ele abriu a porta para eu entrar. Quando estava no banco do carona, pedi minha roupa.

“Ih, acho que esqueci lá na praia”, falou.

“Não brinca, gosto tanto do meu vestidinho.”

“Brincadeirinha, escondi, devolvo daqui a pouco”, e pôs o carro em movimento.

“Quando passou pela Ataulfo de Paiva, perguntou:

“Você tem coragem de descer do carro de biquíni?”

“Não me peça isso, não. Acho que não tenho coragem nem num dia de sol, com as pessoas indo à praia.”

“Não se preocupe”, continuou, “não vou fazer você saltar nua.”

Passeamos muito. Mas não vesti mais minha roupinha naquela noite. Voltamos para casa, eu ainda de biquíni. O problema foi subir o prédio daquele jeito. Mas ainda bem que não apareceu ninguém.

Na semana seguinte, ele me deu de presente um biquíni tão pequeno como jamais usei. Mas ficou ótimo no meu corpo.

Continuamos praticando a fantasia, cada dia num lugar diferente. Ora me cobria com a canga, ora com o vestidinho, às vezes vestia uma minissaia, além destas roupas, podia usar um shortinho sobre o novo biquíni.

Então, chegou a noite de eu sair de casa só de biquíni, ou melhor, quase peladinha. Como me sentia mais corajosa, voltamos ao mesmo quiosque da primeira vez. Ele pediu uma cerveja. Como era verão e estava calor, as pessoas não prestaram atenção à minha nudez. Nas noites que se seguiram, apenas olhos arregalados de um ou outro assustado transeunte e, certa vez, à hora tardia, o apito estridente de um guarda, não para mim que ia nua, mas para o motorista que vencia o sinal vermelho.

Agora, vocês que me leem, preparem-se para a última. Depois de sair várias noites somente de biquíni, meu namorado me propôs novo desafio. Como já estou afiadinha, aceitei. Ele me deixou sozinha dentro de uma barraca de camping, acho que este lugar é a Prainha. Diz que só volta quando eu acabar de escrever essa historinha e postá-la no blog. Quer ser o primeiro a ler. Caso eu não o faça, ele me deixa aqui de castigo. E o pior, além de eu estar sem o biquininho (ele levou), estou quase sem bateria.

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