segunda-feira, janeiro 14, 2013

Abri a porta e saltei de novo escada abaixo

Desci do sótão onde moro ao térreo, três andares. Eram onze da noite. Deixei a escada e caminhei dois passos até a parede que limita a construção ao terreno que dá acesso portão de entrada. Estava aberto. Só então reparei uma mulher encostada no portal direito. Ela olhava para a rua. Sua atitude era de quem esperava alguém. Como eu estava nua, temi que ela me descobrisse. Voltei e me escondi atrás da parede que antecede a escada.

Por que minha nudez?  Uma historinha. Certa vez o namorado sugeriu que eu saísse nua de casa, aguardasse um pouquinho e depois batesse à porta fazendo de conta que chegava sem roupa alguma para namorá-lo; dali em diante, tanto na sua casa, como na minha, ou mesmo em algum hotel suburbano, palco ocasional de nossa paixão desvaira, passamos a praticar o jogo, um verdadeiro frisson. Moram outras pessoas nos dois andares restantes do pequeno prédio, por isso, resolvo abusar. Num deles, meus filhos; no outro, o apartamento está alugado a um casal. A perspectiva de ser surpreendida me causa arrepios ainda mais intensos. Além de tudo, sou a proprietária do prédio.

Aquela mulher estranha no portão me intrigou. Tentei descobrir quem era. Pela postura, até lembrava minha filha. Achei que usava uma roupa que conheço; mas tive dúvidas, me pareceu um pouco mais alta. Subi de volta os dois lances da escada, bati e esperei meu namorado abrir. Ele demorou a atender. Assim que entrei, disse a ele:

“Vi uma mulher lá embaixo, parece Lídia.”

“Ela viu você?”, perguntou aflito.

“Não, mas foi por pouco. Já pensou se ela estivesse subindo bem no momento em que eu descia? Não teria como me esconder.”

“Qual desculpa você daria?”

“Nem sei, mas seria engraçado ela encontrar a mãe nua fora de casa.”

Meu namorado me abraçou, me puxou para o canto da parede onde sempre gosta de me apertar. Não sei se gosta mais de mim ou do tal canto. Começou a me bolinar. Não demorou a colocar o pênis entre as minhas coxas.

“Você é muito gostosa, sabia? E quando faz essas coisas, gosto mais de você;”

“Que coisas?”, me esfregava nele e sentia seu sexo no meu, já estava toda molhadinha.

“A sua ousadia de sair nua de casa.”

“Olha que qualquer dia desses isso vai acabar não dando certo.”

“Você acha mesmo?”

“Se acho? Lembra do hotel? Faltou pouco para o homem me flagrar nua. Ainda bem que naquela noite eu tive um pressentimento e não fui lá fora.”

Ele me beijou, encaixou o pênis na minha vagina.

“Se fosse”, prosseguiu depois de interromper um beijo, “se fosse, o homem tinha encontrado você nua. Será que nos expulsariam do hotel?”

“Ser expulsa de hotel não seria nada, mesmo pelada. Pior se ele me tivesse levado pro quarto e me comido. Eu não poderia dizer nada. Nem você.”

“Te comido?” meu namorado já estava arfando, suas palavras vinham em espasmos, “te comido? Eu não deixaria...”

“Não deixaria? Lembra o tamanho do homem? Era um negão imenso. E devia ter um peru enorme.”

“Da próxima vez... da próxima vez que... que fomos àquele hotel, você vai nua... vai nua de novo. Se alguém te surpreender, vou te salvar.”

“Não goza agora não, espera mais um pouquinho”, falei tentando escapar.

“Por que você tirou? Está tão bom...”

“Tenho de ir lá embaixo descobrir quem é aquela mulher.”

Abri a porta e saltei de novo escada abaixo.

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