Oi, Beth, tudo bem? Escrevi um conto inspirado em
você, quero-lhe enviar colado ao e-mail, mas pergunto antes: posso? Não lhe desejo causar problemas.
Beijos,
Paulo
Não respondi logo, acho que ele chegou a pensar que eu não
queria mais assunto. Ontem, porém, escrevi:
Paulo, cadê o
conto que você escreveu inspirado em mim? Mande logo. Obrigada!
Oi, Beth, tudo
bem? Ainda não tinha enviado porque estava esperando sua concordância. Aí vai.
Beijos,
Paulo
Paulo, nem tudo nesse conto foi
inspirado em mim, nunca tive dois namorados ao mesmo tempo. Aqui em Glicério
todos me consideram muito. Estou praticamente casada, e o Guilhermino depois que veio morar aqui já
fez muitas amizades. Todos os homens falam muito bem de mim pra ele.
Abraços,
Beth
Oi, Beth,
desculpe se o conto não corresponde ao que você é. Nem foi essa a minha
intenção. Apenas me inspirei em você e criei a história usando a
imaginação. As personagens dos contos não precisam corresponder às da vida real.
Beijos,
Paulo
Pouco a pouco minha raiva foi desaparecendo, então
li de novo a história e passei a entendê-la de outro modo. Passei até a
admirá-la. O que afirmei na mensagem, no entanto, é verdade, jamais namorei
dois homens ao mesmo tempo. Mas há outros fatos no conto que me comprometem, e
ele poderia tê-los apresentado como argumento mais consistente para questionar a
fragilidade do motivo que me levou a ficar aborrecida. Quando namorei o escritor, cometi algumas loucuras que, acredito, nenhuma outra mulher teria coragem de cometer. Caso meu
atual marido venha a saber disso, mudará sua opinião sobre mim.
Certa vez ao sairmos de madrugada – eu e esse meu ex –, ele me prometeu provocar uma sensação que eu jamais sentira. Parou o carro à beira da estrada, pediu que eu tirasse toda a roupa, a deixasse dentro do carro e saltasse. Como sempre fui destemida, concordei. Ele deu a partida, acelerou e se foi. Ao me ver nua e sozinha, envolvida pela escuridão da noite, percebi a loucura que eu estava fazendo. Fiquei então agitadíssima, o coração a mil por hora. Quando percebi os faróis de outro carro que se aproximava, me atirei no mato, quietinha. Depois que as luzes se foram levantei e descobri que eu estava molhadinha. Mas entre as pernas. Gozei de verdade, e foi um gozo longo, como jamais senti. O namorado voltou vinte minutos depois. Quase pedi que partisse e me deixasse ali mais um pouco. Outra loucura aconteceu na praia. Estávamos dentro d’água
quando ele me instigou a tirar o biquíni e entregá-lo em suas mãos. Não
demorei a aceitar o novo desafio. Ele levou o meu biquíni e o guardou na bolsa,
que ficara na areia; depois voltou e continuamos namorando, eu nua nos seus
braços. Também já saí de casa totalmente nua, e por duas ou três vezes. Tanto da
minha casa, como do apartamento dele, que fica no Rio. Na minha, desci pelada
dois lances de escada; no Rio, saí do apartamento, subi um andar e voltei
de elevador; depois bati à porta e esperei um tempo imenso para que ele
abrisse.
Oh, todos esses fatos no conto e eu preocupada porque ele sugeriu que namorei dois homens ao mesmo tempo! Querem saber de uma coisa? Acho que nas noites de insônia, é ele quem ainda namoro.
Oh, todos esses fatos no conto e eu preocupada porque ele sugeriu que namorei dois homens ao mesmo tempo! Querem saber de uma coisa? Acho que nas noites de insônia, é ele quem ainda namoro.
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