Desconhecido, não, Lana, o homem bem que já de um tempinho me paquerava.
E como foi?
Ah, Lana, nem fala, foi bom, acabei até gostando, mas
o Jorge ficou furioso.
Ele soube?
Sim.
Quem contou pra ele, Naná?
Quem? Eu mesma.
Você é louca...
Do modo como aconteceu, ele não poderia deixar de saber.
E qual foi a reação dele?
Assim que soube, falou:
Você não devia ter transado com ele.
Mas como não? Naquela situação..., tentei explicar.
Você devia ter corrido de volta.
E aquela gente toda? Com que cara eu ia ficar?
Eu dava um jeito.
Jeito? Que jeito?
Quer dizer que você preferiu me trair a se expor?
Não foi traição, foi uma situação de emergência.
Emergência?
Sim. Emergência, e dei por encerrada a conversa. Mas,
para você entender toda essa situação, Lana, preciso contar o que aconteceu
antes.
Então conta, estou curiosíssima.
Nós estávamos na casa de campo, sozinhos. Jorge
resolveu, então, me fotografar. Fez dezenas de fotos minhas em meio ao quintal,
às árvores, à beira da piscina etc. Quando já estava exausta de tanta pose,
sugeriu que eu tirasse a roupa, que ficasse apenas de tênis. Fez então as
últimas fotos. Eu, nuinha, apareço andando e sorrindo, como se estivesse num
meio rural afastado e não precisasse me preocupar em vestir. Mas foi aí que
aconteceu o inesperado. Chegaram dois automóveis repletos de amigos e amigas
dele. Souberam que estava no sítio e lhe quiseram fazer uma surpresa. Num
primeiro momento corri e me escondi atrás de uma árvore de tronco largo. Ao
reparar que os carros se aproximavam, corri para a direita, era o muro que
limita a propriedade com a do vizinho. Premida pelo desespero, subi e saltei
para o outro lado. Logo que me vi no chão, um cachorro enorme se aproximou e se
pôs a latir. Pensei que seria devorada. Depois veio o dono, um homem beirando os sessenta. Sem demonstrar surpresa, afastou o cão e perguntou: “Moça,
o que houve?” A única frase que consegui falar naquele momento foi: “Moço, por
favor, me dê abrigo”. Ele me levou pra dentro da casa. Ainda bem que morava
sozinho e não havia ninguém com ele. Sentei num pequeno sofá, cruzei as pernas,
cobri os seios com um dos braços e contei o que acontecera. O homem me deu
abrigo. Quer dizer, não apenas abrigo, você entende, não?
Oh, se entendo...
Jorge
não saiu logo à minha procura. Ficou com seus amigos e não falou nada sobre mim.
Tanto tempo nua junto a um homem, o que poderia acontecer? E tem mais uma
coisa, você até podem me chamar de piranha, mas o homem foi de tamanha
habilidade, que acho nunca ter dado uma trepada tão gostosa!
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