quarta-feira, setembro 04, 2013

Quer voltar lá pra pegar?

Após ter ido à praia num domingo à tarde com um namoradinho de ocasião, acompanhei-o à sua casa, ou melhor, à suíte onde ele dizia morar enquanto trabalhava na cidade. Fizemos, então, um amor muito gostoso. Depois fui tomar banho e fiquei um tempo enorme me refrescando debaixo do chuveiro. Ao acabar, já que viera direto da praia, ameacei vestir novamente o biquíni.

“Não o vista, está molhado”, falou.

Era verdade, segurei as duas peças e pude constatar que seria desconfortável vesti-las após o banho.

“Cubra o corpo apenas com o vestido, já anoiteceu, vou levar você de carro”, completou.

“Tudo bem, não há ninguém na minha casa, todos viajaram, voltam só depois das dez.”

Na verdade era um vestidinho desses bem curtinhos, bem justo ao corpo, que todo mundo sabe que só são usados como saída de praia.

Descemos as escadas e entramos no carro.

Começou a dirigir pela cidade.

“Vamos passear mais um pouquinho”, sugeriu, “ainda é cedo.” Pegou uma via que nos levava à orla marítima.

Estacionou antes do Tênis Clube.

“Que tal tomar alguma coisa? queria um chope”, falou.

Acabei por aceitar. Saímos do carro e entramos num dos bares.

“Está gostando do dia de hoje?”, perguntou.

“Adorando”, sorri para ele.

“Foi bom mesmo, não? Praia, amor, chope, e você sem o biquíni.”

“É mesmo, tinha me esquecido, estou nua!”, representei.

“Jura que tinha esquecido?”

“Jurar, jurar, não fica bem, mas digo que sim.”

“Então você está acostumada a sair sem calcinha.”

“Sem calcinha, sim, mas não nua.”

“Você não está nua...”

“Com esse vestido curtinho, estou me sentindo nua.”

O garçom chegou com nossos chopes. Pedimos ainda um petisco.

Acabamos ficando por ali até mais ou menos nove e meia.

Ao sairmos do bar reparei que algumas pessoas olharam para mim. Não dei importância, mas sabia que no dia seguinte alguém iria dizer que me viu na orla etc. e tal.

Quando ele parou o carro na frente de minha casa, havia luz num dos quartos.

“Vou vestir o biquíni”, procurei as duas peças na bolsa. “Não estou encontrando...”

“Será que você não esqueceu lá em casa?”

“Tenho certeza que guardei aqui.”

“Jura?”

“Ah, você com essa mania de juramentos”, demonstrei certa irritação.

“Quer voltar lá pra pegar?”

“Não, boa noite, vou nua mesmo, ainda por cima estou morrendo de vontade de fazer xixi.”

Beijou-me e disse:

“Boa noite”, amanhã te pego de novo.”

“Tá bom”, não resisti à simpatia dele, "amanhã apanho o biquíni.”

Ele deu a partida e se foi. Eu me virei e abri o portão de casa.

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