Esses namoradinhos que arranjo são fogo, cada um com a sua
mania. Será que já não basta fazer amor? Sou tão carinhosa, beijo
maravilhosamente, minhas mãos leves deslizam mil favores sobre o corpo de todos
eles. Mas de um tempo para cá têm aparecido alguns que me pedem coisas
extravagantes. Uns me querem vestidas com roupas hipersensuais, enquanto outros
desejam passear abraçados a mim mas acrescentam apenas um detalhe: que eu vá nuinha. Quem lê os meus
relatos sabe que já andei pelada pela cidade várias vezes; outro dia, porém, apareceu
um que me pediu para sair nua durante o dia.
Durante o dia é demais, reclamei.
Deixo então você vestir um casaquinho, já que a temperatura
anda amena.
E veio ele com o casaquinho. Na verdade transformou-se num
vestidinho de mangas compridas, curtinho, o problema é que tinha poucos botões.
Será que posso usar um top por baixo?, perguntei.
E lá veio o top, também trazido por ele, na verdade uma
tarja de malha da mesma cor do casaco.
Vamos ao cinema, sugeriu.
E fomos, optamos por um dos cinemas do Shopping.
Posso garantir que algumas pessoas observaram com muito
interesse o meu minivestido, depois voltavam os olhos para o meu rosto. Algumas
até sorriram. Duas adolescentes comentaram alguma coisa depois de me repararem
demoradamente. Talvez pensassem que eu lançava uma nova moda.
Eu, com o vestido subindo enquanto caminhávamos para a sala
de cinema, não tinha nada a fazer para que voltasse ao comprimento original, pois
carregava um imenso saco de pipocas.
Puxa pra mim o casaquinho, vai, bem na barra, pedi ao
namoradinho. Eu tentava um mínimo de indiscrição.
Ele fazia de conta que ajeitava para mim.
Assistimos ao filme. Quando saímos, abracei o rapaz e o
beijei, fiquei agarrada a ele no estacionamento, bem junto ao nosso carro, um
abraço frente a frente, assim as pessoas
não podiam reparar que eu estava nua. Ao mesmo tempo, eu aproveitava o beijo
gostoso que trocávamos.
Amor, posso pedir mais uma coisa?, ele, ansioso.
Já sei o que você quer.
Vamos ver se você adivinha.
Agora queres que eu tire o casaco, pronunciei ressaltando a
conjugação do verbo.
Queres?, ele repetiu.
Eu quero, tu queres, falei e sorri.
E então?
Desabotoei o casaquinho ainda do lado de fora do automóvel. Já
anoitecera, outras pessoas que deixavam o Shopping procuravam seus veículos.
Amor, assim vamos presos, falou preocupado, pedi a você que
tirasse o casaco, mas era para desabotoar dentro do carro.
Eu, já nua, atirei o agasalho a ele, apenas a faixa azul
marinho me cobria os seios. Encostei então na carroceria e pedi vem, me abraça,
assim ninguém repara,
E ficamos ali, um grudado ao outro, por pelo menos um quarto
de hora.
No final, acho que eu o despertei ainda mais com uma
indevida sugestão:
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