domingo, fevereiro 22, 2015

Ele adora me ver sem sutiã

Ele adora me ver sem sutiã. Apenas a calcinha, e bem pequena, entrando toda no bumbum. Mas um dia desses aconteceu um problema. Não digo que seja ele o culpado, eu também andava gostando da brincadeira. Nossa cidade não é grande, mais cedo ou mais tarde todos acabam se conhecendo. Há pessoas de famílias tradicionais, que vivem aqui desde uma época que já se perdeu no tempo; há outras que vieram há duas ou três décadas para trabalhar na industrialização que começava. Minha família é desta época. Há também empregados que ficam na cidade apenas nos dias de semana, sexta à noite voltam para os seus lugares de origem. Isso tudo para contar o que me aconteceu de anormal, vejam só. Meu namorado, com tais gostos extravagantes, passou a pedir que eu saísse sem sutiã. No princípio, não aceitei; depois, fiquei na dúvida. Até que, num dia desses, resolvi arriscar. Para muitas mulheres, andar por aí sem sutiã é a coisa mais normal do mundo. Para mim não foi tão fácil. Na primeira vez me senti nua, e olha que costumo ir à praia com um biquíni mínimo. O dia em que saí apenas com uma blusinha de verão por cima da pele foi para ir a um restaurante. E meu namorado me prometeu que seria à meia luz. Promessa cumprida. Fiquei achando, porém, que todos estava olhando para mim e descobrindo meus seios. Na vez seguinte, fui sem sutiã a uma discoteca. Estava uma loucura. Nem houve tempo para eu pensar que os homens me adivinhavam nua. Mas um dia na praia, quando ficamos num bar bebendo e comendo uma besteirinha, reparei um homem que me olhava com insistência. Ele estava em outra mesa. Apesar de eu ter estado de top durante o tempo em que fiquei na praia, ao irmos ao bar meu namorado pediu que eu fosse ao carro e que voltasse apenas de camiseta. Dois dias depois dei com o mesmo homem na condução, enquanto eu ia para o trabalho. Achei que fosse coincidência. Três dias depois, quando voltava a um dos restaurantes com o namorado, o homem estava lá de novo. Concluí que estava me seguindo. Comecei então a ficar preocupada, mas nada falei ao meu namorado. Na semana seguinte fomos à praia, era de tardinha. O tempo estava fresco. Logo ao entrar na água, meu namorado começou a me abraçar, a me beijar, a passar as mãos por todo o meu corpo. Não demorou a pedir que eu tirasse o top. Pode aparecer alguém, alertei. Não aparece não, falou, a praia está quase vazia. Fiz a vontade dele. Ele pegou meu top e levou lá para a areia, onde estavam as nossas coisas, como a cadeira de praia, minha bolsa e uma toalha. Fiquei com os peitos nus, debaixo d’água. Meu namorado, ao menos naquele momento, teve razão. Ninguém à vista. Três dias depois fui à praia sozinha. Fazia um calor intenso. O namorado disse que, caso resolvesse o problema de uma construção sobre a qual era o responsável, viria à orla mais tarde encontrar comigo. Para minha surpresa, logo que mergulhei, após ter permanecido meia hora sob o sol, dei de cara com o tal homem que me seguia. Aproximou-se e perguntou como eu estava passando. Nada respondi. Tentei me afastar. Ele falou outro dia vi que você tomava banho sem o top, seu namorado gosta da brincadeira, não é mesmo? Fiquei desconcertada. Mas mantive a pose enquanto voltava à areia. O homem não me abandonou, Afastou-se, porém permaneceu nas proximidades. Reparei que continuava de olho em mim. Naquele dia, meu namorado não apareceu. Às duas horas, voltei para casa. Andamos por bares e restaurantes, festas e algumas boates, eu sempre sem sutiã e usando roupas de acordo com o desejo do meu namorado. O homem que me seguia desapareceu durante alguns dias, mas não desistiu. Confesso que comecei a gostar de estar sendo admirada por dois homens, muito másculos por sinal. Três semanas depois voltei sozinha à praia. O homem, quase como um fantasma, apareceu ao meu lado, na areia. Oi, gata, quanto tempo, que saudade, ele disse. Tive de rir. O que ele encarou como sinal de vitória. Conversamos um pouco. Entramos na água. e acabei nos braços dele. A cidade não é grande, sussurrei, logo aparece uma conhecida. Deixa comigo, ele retrucou. Ficamos abraçados, bem longe da areia, eu de costa para aquele pequeno mundo. Dali fomos direto a um motel, numa cidade vizinha. Cheguei em casa quase à noite, ainda vestindo o biquíni. Ou sem ele!, o homem me deixou louca. Passei a namorar os dois, mas morta de medo de ser descoberta. O segundo, que eu chamo de namorado fugidio, sempre me tranquiliza. Deixa que eu resolvo, afirma com toda a segurança do mundo. E resolve mesmo: exige muito mais de mim do que andar sem sutiã.

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