Ele adora me ver sem sutiã. Apenas a calcinha, e bem
pequena, entrando toda no bumbum. Mas um dia desses aconteceu um problema. Não
digo que seja ele o culpado, eu também andava gostando da brincadeira. Nossa
cidade não é grande, mais cedo ou mais tarde todos acabam se conhecendo. Há
pessoas de famílias tradicionais, que vivem aqui desde uma época que já se
perdeu no tempo; há outras que vieram há duas ou três décadas para trabalhar
na industrialização que começava. Minha família é desta época. Há também empregados que ficam na cidade apenas nos dias de semana, sexta à
noite voltam para os seus lugares de origem. Isso tudo para contar o que me
aconteceu de anormal, vejam só. Meu namorado, com tais gostos extravagantes, passou a pedir que eu saísse sem sutiã. No princípio, não aceitei; depois,
fiquei na dúvida. Até que, num dia desses, resolvi arriscar. Para muitas
mulheres, andar por aí sem sutiã é a coisa mais normal do mundo. Para mim não
foi tão fácil. Na primeira vez me senti nua, e olha que costumo ir à praia com
um biquíni mínimo. O dia em que saí apenas com uma blusinha de verão por cima
da pele foi para ir a um restaurante. E meu namorado me prometeu que seria à
meia luz. Promessa cumprida. Fiquei achando, porém, que todos estava olhando
para mim e descobrindo meus seios. Na vez seguinte, fui sem sutiã a uma
discoteca. Estava uma loucura. Nem houve tempo para eu pensar que os homens me adivinhavam nua. Mas um dia na praia, quando ficamos num bar bebendo e comendo uma besteirinha, reparei um homem que me olhava com insistência.
Ele estava em outra mesa. Apesar de eu ter estado de top durante o tempo em que
fiquei na praia, ao irmos ao bar meu namorado pediu que eu fosse ao carro e que
voltasse apenas de camiseta. Dois dias depois dei com o mesmo homem na
condução, enquanto eu ia para o trabalho. Achei que fosse coincidência. Três
dias depois, quando voltava a um dos restaurantes com o namorado, o homem
estava lá de novo. Concluí que estava me seguindo. Comecei então a ficar preocupada,
mas nada falei ao meu namorado. Na semana seguinte fomos à praia, era de tardinha.
O tempo estava fresco. Logo ao entrar na água, meu namorado começou a me
abraçar, a me beijar, a passar as mãos por todo o meu corpo. Não demorou a
pedir que eu tirasse o top. Pode aparecer alguém, alertei. Não aparece não,
falou, a praia está quase vazia. Fiz a vontade dele. Ele pegou meu top e levou
lá para a areia, onde estavam as nossas coisas, como a cadeira de praia, minha
bolsa e uma toalha. Fiquei com os peitos nus, debaixo d’água. Meu namorado, ao
menos naquele momento, teve razão. Ninguém à vista. Três dias depois fui à
praia sozinha. Fazia um calor intenso. O namorado disse que, caso resolvesse o
problema de uma construção sobre a qual era o responsável, viria à orla mais
tarde encontrar comigo. Para minha surpresa, logo que mergulhei, após ter permanecido
meia hora sob o sol, dei de cara com o tal homem que me seguia. Aproximou-se e
perguntou como eu estava passando. Nada respondi. Tentei me afastar. Ele falou
outro dia vi que você tomava banho sem o top, seu namorado gosta da brincadeira,
não é mesmo? Fiquei desconcertada. Mas mantive a pose enquanto voltava à
areia. O homem não me abandonou, Afastou-se, porém permaneceu nas proximidades.
Reparei que continuava de olho em mim. Naquele dia, meu namorado não apareceu.
Às duas horas, voltei para casa. Andamos por bares e restaurantes, festas e
algumas boates, eu sempre sem sutiã e usando roupas de acordo com o desejo do
meu namorado. O homem que me seguia desapareceu durante alguns dias, mas não
desistiu. Confesso que comecei a gostar de estar sendo admirada por dois homens,
muito másculos por sinal. Três semanas depois voltei sozinha à praia. O homem,
quase como um fantasma, apareceu ao meu lado, na areia. Oi, gata, quanto tempo,
que saudade, ele disse. Tive de rir. O que ele encarou como sinal de vitória.
Conversamos um pouco. Entramos na água. e acabei nos
braços dele. A cidade não é grande, sussurrei, logo aparece uma conhecida.
Deixa comigo, ele retrucou. Ficamos abraçados, bem longe da areia, eu de costa
para aquele pequeno mundo. Dali fomos direto a um
motel, numa cidade vizinha. Cheguei em casa quase à noite, ainda vestindo o biquíni. Ou sem ele!, o homem me deixou louca.
Passei a namorar os dois, mas morta de medo de ser descoberta. O segundo, que eu chamo de namorado fugidio, sempre me tranquiliza. Deixa que eu resolvo, afirma com toda a segurança do mundo. E resolve mesmo: exige muito mais de mim do que andar sem sutiã.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário