segunda-feira, julho 15, 2013

O toc-toc dos meus saltos ecoou no quinto andar do prédio

Ficou a me olhar, e seus olhos pareciam perguntar por que você nunca chegou nua na casa do namorado? Beijei-o nos dois lados do rosto e atravessei a porta. O toc-toc dos meus saltos ecoou no corredor do quinto andar do prédio. Lembrei que optara pela bolsa a tiracolo porque combinava com a cor da sandália de meio salto.

Horas antes estávamos os dois abraçados, cada um querendo sentir mais prazer do que o outro. Na verdade, nada disputávamos, desejávamos apenas o grito de amor dos nossos corpos. Não sei por que, naquele momento, veio-me à cabeça a tarde que eu passara com mamãe. Levara-a para passear, uma excursão a um desses clubes de campo. O ambiente não estava bom, pensei que fosse um clube familiar, mas todos os homens ficaram a me olhar. Não havia quem não voltasse a cabeça quando eu passava. Eu vestia um biquíni bem pequenino, e fiquei o tempo todo à beira da piscina, vez ou outra ia ao bar. Quando deixei mamãe em casa ao anoitecer, você telefonou. Atendi e disse que queria sim, queria ver você. Descansei e, depois, às dez, você me veio buscar. Daí, o restaurante; depois o seu apartamento; e o abraço, bem entrelaçado; enfim, o amor. Na verdade, eu não pensava em transar naquela mesma noite. Mas enquanto estava sentada no sofá, imaginei o seu corpo sobre o meu. Rápida, fui até a cama, deitei-me de vestido ainda. O prazer que você me fez sentir quase me deixa louca. Não, não pare, fique assim a noite toda, cheguei a sussurrar no seu ouvido. Não sabia que você era um atleta tão eficaz, um atleta do sexo. Não sei dizer quantas vezes me levou ao êxtase, ou melhor, quantos os orgasmos. Lá pelas duas e tanto, adormecemos, um sono leve. Eu não queria sair de sua casa de manhã. Tenho duas filhas jovens, você sabe que costumam chegar em casa quase pela manhã e encontrar a mãe envolta nos lençóis. Levantei-me sorrateira às três, ou já eram quatro? Sentei-me à beira da cama. Onde minhas roupas? Fora tão quente o amor que não me lembrava delas. Você também levantou. Beijou-me. Ficou a esperar. Era eu que tinha de ir. Nada falei, calcei a sandália com que chegara, coloquei a bolsa no ombro direito e, depois, eu a beijar você na porta do apartamento. Lógico que eu nada perguntaria. Nenhum constrangimento.

Por que você nunca chegou nua na casa do namorado? Seus olhos perguntavam, seus dedos acariciavam meus seios. Quem sabe qualquer dia desses, eu poderia ter respondido. Esperei que fechasse a porta, a noite ainda ia consistente.

O toc-toc dos meus saltos nus ecoou no corredor do quinto andar do prédio.

Nenhum comentário: