quinta-feira, junho 06, 2013

Se houvesse sol - 2

À noite, fui ao Shopping. Vestia um vestido preto curto, o tecido colado ao corpo, desses que nos deixam torneadas e fazem o olhar dos homens nos acompanhar quando lhes damos as costas. Como a temperatura era de meia estação, calçava uma bota de cano curto mas de salto, da mesma cor do vestido. Olhei algumas vitrines; atraiu-me a da Maria B. Vestidos, saias combinando com blusas verde musgo, manequins bem trajados, suéteres e cachecóis. Num dos corredores, sentei-me num quiosque de café expresso. Havia apenas eu, duas mulheres numa mesa próxima e mais adiante um casal. Tomei um capucino. De onde eu estava, reparei a joalheria Jews. Já que sou apaixonada por joias, tentei lembrar os cordões, colares e pulseiras que sempre ornam sua vitrine. Certa vez um admirador me presenteou com uma medalha. Conheci-o fazia pouco tempo. A medalha, que tinha ares esotéricos, lembrava o sol. Gostei muito dela. Deixei-me conquistar por ele fazendo o seu jogo, mas o relacionamento durou pouco. Chegamos a sair algumas vezes. Certa vez me levou a um restaurante muito chique. Aí vem a parte difícil de contar: ele me agarrou dentro do carro. Alguém que dá uma joia de presente a uma mulher e a seguir  tenta agarrá-la dentro do automóvel é de uma pobreza terrível. Deixei, porém, que me acariciasse. Depois, falei: "vou lhe fazer uma surpresa, feche os olhos." Ele assim obedeceu. "Não pode abrir, viu, porque se abrir perde a graça. Segure isso, está bem?" Ele então falou: "o que você me está dando para segurar?" Respondi: "adivinhe, é de pano e estava sobre o meu corpo, toque com a outra mão o meu pescoço." Ele assim o fez. "Ah, o cordão, você está só de cordão?" "Isso mesmo", falei, "mas não abra ainda, vou sair do carro, quando estiver lá fora dou a ordem para você abrir os olhos." Eu e essa eterna mania de dar ordens, vai que um dia elas não sejam obedecidas. Saí do carro, somente o cordão de ouro e a medalha no pescoço. "Agora abra." Ele se surpreendeu ao me ver pelada na frente do carro. Dobrei os braços, cobri os seios e fiquei olhando-o numa posição sedutora. Não resistiu e veio para o lado de fora. "Não, por favor, volte para dentro do carro, deixe meu vestido sobre o capô e volte. Continue de olhos fechados." Muito a contragosto, ele voltou. Não escutou outra ordem, porque me vesti e fugi dali. Creio que ao reparar o silêncio contínuo à sua volta, abriu os olhos e ficou furioso. Numa outra vez me viu na orla marítima. Mas não pôde fazer nada, estava acompanhada. Para provocá-lo, sorri e dei um adeusinho às escondidas.

Ao sair do café, olhei os cartazes com os filmes da semana. Havia uma comédia muito comentada. Senti vontade de assistir. Mas, uma surpresa, vi o jovem com quem conversara na praia pela manhã. Ele passou rápido, não me reparou. Pelo seu traje, acho que trabalhava em algum dos restaurantes do shopping. Decidi investigar. Rodeei todo o andar com a intenção de verificar os dois restaurantes que ficavam na frente, logo à entrada. Não demorei, mas não mais o vi. Será que se escondera, ou o homem não era ele? Achei melhor não insistir naquela noite. Mais cedo ou mais tarde o veria de novo.

Quando passei novamente em frente às escadas rolantes, vi duas amigas que me acenavam da mesa onde estavam. Tomavam chopes. Apesar de outras pessoas estarem nas proximidades, o local não estava muito cheio. Não é possível nesta cidade uma mulher ficar sozinha, pensei. Logo aparece algum conhecido. Elas eram boas pessoas. Também tinham um fogo terrível, viviam em conversas sobre namorados e sobre como se tornarem cada vez mais sedutoras.

“Ah, acho que vou até lá fora fumar”, falou Gisele. “Oi, Célia, que bom que você está por aqui”, disse ao me ver, “espere um instante, já volto.”

Na mesa ficaram Jussara e Carla, as duas se viraram para mim. Foi Jussara que falou primeiro:

“Como vai, Célia, há quanto tempo, não é mesmo? Nem pra telefonar marcando uma saída com a gente. Estamos sentindo sua falta.”

“Que bom que tenho amigas tão prestativas, que se preocupam sempre em me encontrar”, falei e sorri para elas.

Carla se manifestou:

“Há uma novidade, espere a Gisele voltar que ela vai contar, está achando o máximo o que aconteceu com ela.”

“Já sei”, arrisquei, “arranjou um namorado bem jovem e complicado.”

“Não é tão jovem, mas ela se meteu numa encrenca, e acha ótimo sair por aí contando a todo mundo, tanto mais numa cidade dessas, eu morreria de vergonha, ou então fugiria para bem longe. Mas você sabe como ela é.”

“Então o negócio é bom”, dei meu palpite.

“Para uma mulher do jeito dela, acredito que sim.”

“Olhem, vem ela de volta”, mostrou discretamente Jussara.

“Oi, Gisele, como vai?”

“Estou ótima, estou precisando de alguém para me acompanhar num chope, você aceita?”

“Um só, aceito, não quero engordar, principalmente porque tenho ido à praia nos dias de sol.”

“E tem feito muitos dias de sol, não é mesmo? Com esse corpinho que você tem, acho que não quer deixar de se exibir.”

“Ah, adivinhou, adoro.”

“Gisele”, interveio Jussara, “conta pra ela aquela história.”

“Que história, Jussara?”

“Ah, mulher, não se faça de tola, aquela história que você me contou cheia de sorrisos e achou muito engraçada.”

“Acho que a Jussara gostou mais do que eu do fato que narrei a ela.”

“Eu, Deus me livre, ficar nua na casa de uma desconhecida e ainda por cima estar sob o risco de ser enxotada pelada de lá.”

“Que história é essa?” perguntei surpresa.

“Calma, nem estava prensando mais nisso, mas já que nossa amiga tocou no assunto, conto de novo. Cada vez que relato o que aconteceu acho que a Jussara morre de tesão.”

“Sem comentários”, disse Jussara.

“Vamos para o restaurante da entrada, lá, além de ser melhor, ficamos em evidência. Você, Célia, falou que toma um chope.”

“Está bem, então vamos.”

Caminhamos até a entrada do shopping, do lado esquerdo há um bar muito bonito, todo com mesinhas de mármore. Sentamos e pedimos dois chopes. Jussara pediu uma taça de vinho.

“Sou toda ouvidos”, falei e ri.

Foi a respeito de um homem que me paquerou, saí com ele duas vezes.

“Ah, tinha de ter um namorado no meio, não?”

“Namorado na verdade, não. Foi apenas duas vezes. Mas eis a história. Estava no trabalho, você sabe que atendo o público. Eram mais ou menos três da tarde quando uma mulher de uns quarenta anos, loura, bonita mesmo, sentou diante de mim. Perguntei:

“Em que posso servi-la?”

E respondeu:

“Você trepou com o meu marido.”

Olhei um pouco assustada, achei que era uma brincadeira. Falei séria:

“Nem conheço a senhora, como pode falar assim comigo?”

Ela continuou:

“Mas é verdade, não sou pessoa de fazer escândalo. Mas descobri e vim até aqui para conversar com você.”

Senti um pouco de desconforto com a presença dela, mas acabou falando o nome do marido, o dia, a hora e o lugar aonde eu tinha ido com ele. Lembrei enfim de quem se tratava. Então, eu disse:

“É melhor a gente conversar em outro lugar, aqui preciso atender as pessoas, não vai ficar bem conversar sobre isso agora, vamos marcar para depois do expediente?”

Ela aceitou.

Quando saí, às cinco e trinta, lá estava a mulher aguardando. Sorriu para mim e disse:

“Vamos a um lugar melhor.”

Ela tem carro. Convidou-me a entrar, fiquei morrendo de medo.

“Não precisa ter medo, não vou fazer nada com você, só quero conversar.”

“Mas sobre o quê?”, perguntei, “saí apenas duas vezes com o seu marido, lembro de quem se trata, mas não marcamos mais nenhum encontro nem ele me falou que era casado.”

“Caso ele tivesse falado você sairia com ele?”

“Não sei. Já saí com homens casados, isso não me interessa, mas às vezes temo que aconteçam problemas como esse.”

“É melhor entrarmos no meu carro, vamos”, ela insistiu, “não quero ficar aqui no meio da rua conversando.”

Entramos no carro e saímos dali. Fomos para orla marítima. Paramos e entramos no Ilha Linda Sul. Achei melhor que fosse num lugar público, porque ali conheço algumas pessoas. Ela acabou aceitando. Pedimos, como agora, dois chopes. Até aquele momento não tinha se apresentado. Falou então seu nome, chama-se Mara. Reiniciou a conversa:

“Não quero brigar com você porque saiu com o meu marido. Sabe mesmo o que quero saber?” silenciou, esperando conseguir certo efeito com a pergunta. Intuí que esperava que eu me manifestasse.

“Não.”

“Quero que me explique o que fez para conquistá-lo.”

Sorri enquanto bebia os primeiros goles do meu chope. Ela me acompanhou.

“Mas essas coisas são difíceis de explicar, acontecem naturalmente”, insisti.

“Quero reconquistá-lo. Ele já gostou muito de mim, mas agora acho que perdeu o interesse. Veja como sou bonita, acho que sou mais bonita do que você. Desculpe a comparação.”

Sorri mais uma vez. Olhei bem nos seus olhos, depois o pescoço, os cabelos. Ela tinha realmente os traços muito refinados.

“Veja, vou tentar dizer alguma coisa”, falei, “não sou casada , e isso instiga um pouco os homens. Eles olham e querem me conquistar, desejam uma mulher diferente da que eles têm em casa. Há um ponto que sempre está contra a esposa, mesmo que ela seja bonita: as esposas perdem o fetiche.”

Ela me olhou demonstrando interesse, quis acender um cigarro, mas observou que não era permitido fumar no restaurante. Ficou durante alguns minutos com o cigarro apagado entre os dedos.

“Fetiche? Pode me explicar melhor?”

“É o seguinte, alguma coisa tem que estar escondida. A esposa costuma se abrir demais, isso é ruim, faz seu marido perder o interesse. Preste atenção. Aprendi isso quando era mais jovem. Tive um noivo, como todas as moças da época. Todas tiveram um noivo na juventude e estavam sempre prestes a casar com ele. Muitas até mesmo casaram. Esse meu noivo dizia gostar muito de mim. Mas vivia tomando chope com os amigos e jogando futebol. Aos domingos, era um problema. Ele só aparecia tarde da noite, nem dava para ficarmos juntos. Então imaginei como seria aquele casamento. Quis terminar o noivado, mas primeiro planejei um meio de deixá-lo apaixonado por mim. Depois, terminaria.”

“E o que você fez?”, perguntou ansiosa, balançava uma das pernas, estavam cruzadas.

“Esperei um dia em que tinha certeza de que ele estaria sozinho em casa. Não tínhamos marcado encontro, apareci de repente. Mas não foi só isso.”

“O que mais, então?”

“Apareci nua na casa dele!”

“Nua? Como assim?”

“Pelada, sem roupa alguma. Ele levou o maior susto.”

“O que você disse a ele?”

“Já acabo de contar. Permite que eu vá até lá fora fumar um cigarro?”

“À vontade, mas não demore.”

Podia ter fugido e deixado a mulher no restaurante morrendo de curiosidade, mas não queria fazer isso. Desejava mesmo contar o que aconteceu. Não demorei a voltar.

“Você também não queria fumar?”, perguntei, “vá agora.”

Acabou aceitando a sugestão. Enquanto isso, pedi ao garçom mais um chope.

Logo ela voltou, deve ter apagado o cigarro antes de ter atingido a metade.

“Conte, por favor, estou morta de curiosidade”, sorriu depois da última palavra.

“Continuando: apareci nua na porta dele. Bati, era uma dessas casas que tem muro com um portão que não fica trancado; a gente passa pelo portão, vai até a porta da casa e toca a campainha. Ele veio atender. Ao me ver, arregalou os olhos, ficou assustadíssimo. Perguntou de um só jato o que tinha acontecido. Nada respondi, apenas disse: me dê abrigo, por favor. Você foi assaltada, fizeram alguma coisa com você? Me fale o que aconteceu, ele quis saber. Me dê abrigo, eu dizia, abracei-o, beijei-o na boca e comecei a tirar sua roupa. Ele ainda continuava assustado. Não vai contar o que houve?, perguntou de novo. Depende, eu disse. Tirei sua roupa e trepamos ali mesmo, no chão da sala. Quando acabamos, pedi: você pode me dar um copo de água ou de suco? Vou buscar, mas quero saber direitinho o que aconteceu, falou. Foi à cozinha, mas quando voltou eu já não estava lá. Durante um bom tempo não me deixou em paz. Grudou de tal modo que eu não tive mais liberdade para fazer coisa alguma. Quando me perguntava sobre aquele dia, eu desconversava. Não foi mais tomar chope com os amigos nem jogar futebol aos domingos. Queria ficar comigo o tempo todo, queria trepar comigo o tempo todo. Às vezes, no meio do ato, suplicava: conta, conta sobre aquele dia. Sua família desconfiou de suas atitudes, pensaram que eu estivesse grávida. Depois de um mês, terminei o noivado. Nunca contei a ele por que cheguei nua naquele dia. Acho que até hoje deve deve ser apaixonado por mim. Já não mora na cidade”

“Mas que maldade!”, ela disse.

“Maldade?”, retruquei, “se você acha isso maldade, merece mesmo ser traída.”

Ela fechou a cara. Ficamos ali mais um quarto de hora. Depois me perguntou se eu queria carona para voltar. Respondi que não. Despedimo-nos e ela se foi. Antes, porém, disse:

“Muito obrigada, já sei o que vou fazer.”


“E a história de que você ficou nua na casa dela e que correu o risco de ser posta pra fora sem roupa?”, insistiu Jussara.

“Ah, isso foi num outro dia. Espere, quero mais um chope, também vou até lá fora fumar, depois continuo.”

Gisele saiu durante alguns minutos. Olhei para Jussara que fez um movimento com os olhos e continuou em silêncio. O garçom veio com o chope de Gisele e me perguntou se eu queria mais um.

“Por enquanto não, obrigada.”

Gisele voltou. Olhei para ela com fisionomia de interesse, queria que continuasse contar a sua aventura.

“Num outro dia encontrei-a na rua. Parou para falar comigo e agradeceu muito pelo que ensinei a ela.”

“Ensinei alguma coisa?”, disfarcei.

Ela respondeu: “e como!”

Contou o que fez. Minha história sofreu algumas adaptações na versão dela, que incluía até mesmo dirigir nua. Falou que o marido ficou exultante ao vê-la chegar sem roupa em casa. A princípio, nada perguntou. Pegou-a no colo e foram direto para cama. Depois, quis que ela lhe dissesse o que significava tudo aquilo. Mas ela fechou bem a boca. Nos dias que se seguiram, ele ficou morrendo de curiosidade. Ela continuou em silêncio sobre o assunto. Ele então sugeriu algumas ações semelhantes. Pedia para ela sair, trancava a porta e pedia para que batesse nua. Ela cumpria o que o homem pedia. Depois que entrava, caía em seus braços e inventava uma história para explicar porque chegara nua. Ele sempre tinha a esperança de que dentre tantas histórias ela acabaria contando a daquele primeiro dia. Depois passaram a sair de madrugada. Iam a lugares escuros, para a orla ou mesmo para a rodovia. Ele deixava-a nua por alguns minutos e partia levando toda a roupa da mulher dentro do carro. Um dia não a encontrou, procurou-a a noite inteira, achou a mulher quando já amanhecia, e num local muito distante de onde a deixara. Quis saber o que acontecera. Mas ela silenciou mais uma vez.  Convidou-me para ir até sua casa para continuar contando suas histórias, disse que queria me fazer uma surpresa. Fez um café e depois me pediu para tirar a roupa. Perguntei qual era o motivo. Disse que queria comparar o seu corpo com o meu.

“Ah, que besteira, é lógico que você é mais bonita”, disse eu.

Mas acabei aceitando o desafio. Tirei a roupa e comparamos nossos corpos. Ficamos ambas nuas durante algum tempo, as duas sentadas em poltronas da sala, de pernas cruzadas. Quando estava para ir embora, pedi que me deixasse vestir. Devolveu meu vestido. Agradeci, beijei-a e fui embora. É tudo. Sei que seu casamento dura até hoje, e o marido nunca mais me procurou.


“E como você fez?”, Jussara quis saber.

“Já arranjei três amantes depois dele.”

Caímos as três numa gargalhada demorada.

Fomos embora por volta das dez horas, a hora em que as lojas fecham. Quando já estava no estacionamento, vi de novo o rapaz que admirara pela manhã na praia. Acho que me espionava. Mas por que não veio falar comigo? Sou uma pessoa tão aberta. Talvez porque me viu acompanhada de outras mulheres. Depois ainda pude perceber que correu até o estacionamento das motocicletas. Não mais consegui vê-lo, estava escuro e o estacionamento fica num ângulo mais retirado, no pátio coberto do shopping.

Em casa, larguei-me numa das poltronas antes de me despir. Deitei-me. Quis ouvir uma música, mas quando pressionei o controle foi a tela da televisão que brilhou. Cheguei a tomar um susto. Havia apanhado o controle errado. Acabei me distraindo com um filme. Acho que era uma série policial. Devia fazer frio naquele lugar, pois uma mulher usava um vestido de tecido grosso, de mangas compridas, quando saiu em diligência ainda cobriu-se com um sobretudo. Mas foi o vestido da mulher que chamou a minha atenção. Lembrei-me de um vestido semelhante que tivera quando morei em BH. Aconteceu algo muito engraçado quando saí com aquela roupa, a pedido de um namorado de ocasião. Mais uma extravagância. “Você sai de vestido mas sem nada por baixo?”, a voz lânguida revelava seu forte desejo por mim. Ri da proposta. Como ele era encantador, aceitei. Confesso que a ideia também me agradou. O vestido era do mesmo modelo daquele do filme, de botões que iam de cima até embaixo. Os botões e a possibilidade de desabotoá-los o excitavam mais. Saímos lá pelas dez e meia, rodamos por umas ruas onde havia bares e boates. Entramos em um bar e tomamos uma cerveja, comemos uma besteira qualquer. Ele ficou me alisando e, quando podia, me beijando. Fomos os dois ficando excitados. Já passava de meia-noite quando saímos dali. Meu namorado perguntou: “você não conhece um canto escuro para eu desabotoar esse vestido e lhe dar uns beijos?” Sua nova proposta me excitou ainda mais. Nada falei, mas o puxei pela mão e andamos por umas ruas escuras. Encontrei um vão. Era entre uma loja e uma espécie de galpão, um lugar que fazia alguns anos não servia para nada, acho que fora uma pequena fábrica. Ficamos ali, de pé, agarrados um ao outro. “Vai, desabotoa”, incentivei, “suas mãos estão tremendo, quem vai ficar nua sou eu, completei.” Ele me deixou nuazinha. Não lembro onde deixei o vestido. Minha única proteção durante muito tempo foi o corpo dele. Passaram alguns automóveis e eu ali, totalmente nua. Namoramos muito. Após uma meia hora fomos embora. Acabamos nossa transa em casa, numa rede que eu tinha dependurada perto da janela. O andar era o décimo oitavo. Dali dava para ver todo o centro da cidade. Em meio às carícias, ele sussurrou no meu ouvido: “já pensou se te roubam o vestido?” Respondi: “pensei nisso, fiquei ainda com mais tesão!”

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